Muita gente pode achar estranho, mas eu adorei fazer as provas do Enem. Eu sei, é estranho mesmo. É que, para mim, era uma experiência em que não havia a pressão de ir bem na prova.
Quando fiz a inscrição, ainda não sabia se realmente ia até o fim com essa ideia mas resolvi pagar o boleto para garantir. Não seria o primeiro boleto da minha vida que eu pagaria sem ter certeza do que eu queria mesmo.
A ideia era vivenciar tudo isso como jornalista quase 20 anos depois de ter feito a prova (sim, eu já sou velha). Quando eu fiz o Enem pela primeira vez, em 1999, a prova não tinha esse formato e não era tão conteudista como é hoje.
Depois de viver tudo isso, acho que pode ser interessante compartilhar algumas impressões sobre mais esse desafio.
11 pensamentos que tive durante as provas do Enem
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Não estou tão velha assim
Pensei que eu fosse encontrar muita gente mais nova, que está saindo do Ensino Médio e ainda estudando. A sensação foi muito boa de ver pessoas até mais velhas do que eu entre os candidatos. Isso mostra que existe bastante gente por aí preocupada com o futuro e pensando em estudar. -
Eu devia ter estudadoMuita coisa que vi nas questões do Enem eu já tinha uma certa familiaridade por escrever bastante sobre a prova e por ter estudado na faculdade de Jornalismo (pelo menos, no primeiro dia). Mas, algumas questões eu não sabia nem por onde começar uma linha de raciocínio. Daí, bateu aquele pensamento: eu devia ter estudado...
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Que calor é esse!
Logo que acordei e vi que o dia estava nublado e fresco, achei maravilhoso para fazer a prova. O problema surgiu quando eu entrei na sala e vi dois ventiladores que faziam o maior barulho e não estavam dando conta de melhorar a situação do calor ali dentro. Normalmente, eu sinto muito frio, mas eu só pensava comigo: por que eu não coloquei um vestido ou alguma coisa mais fresca? -
Por que essa carteira é tão pequena?
Não sei se a escola em que você fez a prova a carteira era espaçosa, mas, no meu local de prova, as carteiras eram muito pequenas. Coloquei algumas coisas embaixo e no chão também, até mesmo porque somente o gabarito, a identificação biométrica, a caneta e o documento eram permitidos em cima da mesa. Mesmo assim, as minhas coisas não paravam de cair no chão. E todo mundo olhava para minha cara na hora em que isso acontecia. Tinha esquecido de como era essa sensação na escola. -
Como eu estou cansada
Logo que terminei as primeiras 45 questões, eu já estava exausta. A prova do Enem é realmente uma prova de resistência, porque é muito difícil ficar 5h30 sentado, lendo questões com enunciados quilométricos e que precisam de bastante atenção. Como eu não tinha estudado e estava testando os meus conhecimentos, eu me preocupei apenas em buscar uma resposta que fizesse algum sentido para não chutar sem algum critério (e sabendo dos riscos da TRI - Teoria de Resposta ao Item - que prevê esse tipo de comportamento). -
Cadê o relógio desenhado na lousa?Quando eu fiz a prova pela primeira vez em 1999, os fiscais desenhavam um relógio na lousa e iam mudando o horário conforme o tempo passava para orientar os participantes. Foi muito bom ver que o processo evoluiu com a colagem de um adesivo na lousa e a sua retirada de acordo com o tempo restante de prova.
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Onde eu coloco a identificação da cor da prova?
Outra coisa que eu fiquei intrigada é que antes era preciso identificar a cor da prova. A fiscal da minha sala disse que agora isso não é mais necessário. A gente só precisa transcrever uma frase que vem logo na primeira folha do caderno de questões. Confesso que ainda estou com um pouco de receio de como isso pode ser analisado para identificação da prova. -
Que medo de rasgar a folha do gabarito
Quando fui destacar a folha do gabarito, pensei imediatamente: quer ver que eu vou ser a pessoa que vai rasgar e ter problemas? -
Preciso terminar logo e fazer a redação
Apesar de saber que eu não tenho grandes planos para usar essa nota, queria fazer a prova de uma forma mais consciente para também não tirar uma nota tão ruim (sim, isso pode mexer com a autoestima de qualquer um). O meu maior desespero era não ter tempo de fazer a redação. Não que isso fosse me ajudar muito, mas é que eu acho que tinha uma autocobrança pelo fato de ser jornalista e a obrigação de escrever bem. -
Que tema de redação é esse?
Como eu sou jornalista, eu adoro escrever. O problema, na verdade, foi ter que planejar um texto no formato exigido: argumentativo-dissertativo. Achei que o tema pudesse ser pior, mas, mesmo assim, eu tive que organizar bem as ideias para passar para o papel. Aquela sensação do tempo de escola voltou. -
Como essa prova está diferente!
Depois de tanto tempo sem fazer a prova do Enem, percebi o quanto ela mudou. A lembrança que eu tinha era de ser uma prova que envolvia muita interpretação de texto e bom senso. Agora, percebi que ela ainda explora bastante interpretação de texto mas com o toque um pouco mais conteudista. Ela exige uma visão bastante crítica do participante.
Bom, como é possível perceber, independentemente de você ter saído da escola agora ou há bastante tempo (como foi o meu caso), as sensações ao fazer as provas do Enem podem ser muito parecidas.
É muito legal ver que ele é um exame que vem passando por muitas mudanças ao longo dos anos e ajudando muita gente a entrar na faculdade.
Que bom que eu paguei aquele boleto e resolvi testar os meus conhecimentos. Os desafios sempre fazem a gente crescer na vida e ter histórias para contar.
Agora, é esperar o segundo dia de provas do Enem e rezar bastante, porque vem a parte de Exatas por aí.