O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a prova mais importante para quem deseja ingressar em uma universidade. Ela é realizada em dois dias e conta com 180 questões de múltipla escolha e um texto dissertativo-argumentativo. Mas vamos falar sobre o que mais interessa agora: a redação.
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A redação corresponde a 20% da nota total do Enem. É muita coisa, né? Por isso, é importante que você adote algumas dicas em sua rotina de estudos para tirar uma nota acima de 900 ou, quem sabe, a tão sonhada nota 1000! Anote todas as dicas a seguir para mandar bem na escrita!
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Como fazer uma redação nota 1000?
Para fazer uma redação nota 1000 no Enem é necessário escrever um texto coeso e coerente na forma dissertativa-argumentativa, que busque atender às demandas que as competências exigem e ao mesmo tempo encontrar uma solução viável e efetiva para a problemática apontada dentro do tema proposto.
Sabemos que não é fácil e o processo de uma redação excelente passa por vários treinos e muito tempo de dedicação e estudo. Para te ajudar, abaixo você confere cinco dias essenciais para quem deseja escrever uma redação nota 1000 no exame, confira!
Dicas para escrever uma redação nota 1000
1. Domine as 5 competências avaliativas da redação
Assim como em qualquer outra prova, a redação do Enem possui critérios bem específicos de correção. O Enem possui 5 competências avaliativas que são norteadoras para os candidatos escreverem o texto. Toda a correção se baseia nestes critérios e, portanto, eles servem como regras de escrita.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo Enem, libera anualmente a Cartilha do Participante com o detalhamento dessas 5 competências de avaliação. Além de detalhar a forma de correção, a cartilha também reúne informações extras sobre a redação, como as características que levam à nota zero, redações exemplares, entre outras.
Confira o que pede cada competência:
Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
Leia mais: Em quais competências os estudantes mais erram na redação do Enem?
+ Como fazer uma boa redação no Enem: Parte 1 – Critérios de Avaliação
2. Leia redações exemplares
Como citada anteriormente, a Cartilha do Participante é bem completa e reúne também redações que alcançaram a nota máxima em provas anteriores, ou seja, que cumpriram todas as competências avaliativas. É por este motivo que algumas pessoas chamam estes textos de ''exemplares''.
É importante estudar essas redações para compreender como funcionam as competências na prática e como a redação deve ser estruturada. Este é um passo importante para todos que precisam se preparar para o Enem, principalmente aqueles que não sabem por onde começar a estudar redação.
Leia com atenção as redações que tiraram nota 1000, perceba como foram construídas, onde e como foram inseridos os repertórios socioculturais e os argumentos, quais conectivos foram usados, como foi feita a proposta de intervenção, entre outras características presentes na cartilha.
Leia: Enem 2021: veja como estudantes conseguiram nota mil na redação
+ Enem: veja as redações nota 1000 da edição mais recente do exame
3. Leia notícias diariamente e adquira repertórios socioculturais
A competência 2 cobra o uso de repertórios socioculturais. Os repertórios devem servir para fundamentar a tese do participante, que deve mostrar uma visão crítica sobre a realidade. É possível usar repertórios que estejam presentes na sua rotina de estudos, inclusive os populares, como filmes, séries e livros.
Então, é importante que você se atualize diariamente, leia notícias em portais confiáveis, ouça podcasts, entenda os assuntos atuais e adquira repertórios assistindo a séries e filmes, lendo livros e outros. Uma dica: lembre-se de sempre relacionar os repertórios que está consumindo a possíveis temas de redação!
Confira também: Como criar repertório para redação do Enem?
+ 10 alusões históricas coringas para usar na redação do Enem
4. Pratique constantemente
Já diz o ditado: "a prática leva à perfeição". Com redação não é diferente! Você precisa treinar constantemente para compreender a estrutura da redação do Enem e adaptar sua forma de escrever a ela. Sugerimos que você escreva, pelo menos, uma redação por semana. Desta forma, você chegará no Enem pronto para qualquer tema.
Para praticar, escolha um tema, leia com atenção os textos motivadores, faça seu rascunho e passe a limpo como na prova do Enem. É importante que você cronometre o tempo que leva para fazer todo esse processo. Isso irá lhe ajudar a se preparar para o tempo da prova, que costuma passar voando.
Veja: 3 técnicas para garantir uma redação nota mil no Enem
+ Enem 2021: confira modelo de redação sobre invisibilidade e registro civil
5. Tenha o feedback de um profissional
De nada adianta você praticar milhões de vezes e não saber em quais aspectos deve melhorar, né? Dificilmente a sua escrita irá evoluir se você não souber onde está errando ou acertando, ou seja, quais aspectos deve mudar ou manter no próximo treino.
Sendo assim, é essencial que você envie suas redações para um professor que tenha a formação adequada para dar este tipo de feedback. Ao receber uma correção, você deve prestar atenção e anotar todas as considerações do professor para não errar novamente.
Na plataforma do Redação Online, por exemplo, você pode enviar suas redações por foto ou digitadas e a correção é feita em até três dias úteis com comentário geral e por cada competência avaliativa. Acesse o site e comece a enviar sua redações: www.redacaonline.com.br
Uma correção bem feita e completa irá te levar a uma nota acima de 900, com certeza! Inclusive, essa é a nota média dos alunos do Redação Online no Enem!
Então, vestibulando, não perca mais tempo e comece hoje mesmo a colocar essas dicas em prática! Temos certeza de que seguindo estes passos você chegará a uma nota excelente na redação do Enem! Ah, não se esqueça de contar pra gente como anda a evolução da sua escrita durante o processo de preparação, hein?!
Veja também: 9 formas de fazer a introdução da redação do Enem e de outros vestibulares
+ O que são conectivos e por que são essenciais na redação do Enem?
Qual é a estrutura da redação do Enem?
A redação do Enem possui uma estrutura a ser seguida, sendo composta por introdução, desenvolvimento e conclusão na forma de proposta de intervenção. Entenda abaixo como deve ser cada parte da redação para atingir a nota máxima:
Introdução nota 1000
No primeiro parágrafo, para começar bem a redação, o correto é fazer uma breve apresentação e contextualização do tema, para introduzir o leitor ao que será apresentado ao longo do texto. É também aqui que o autor apresenta a sua tese, ou seja, a ideia central a partir da qual irá abordar o tema proposto. Para melhorar a qualidade da introdução, podem ser feitas alusões históricas ou da atualidade na apresentação do tema, de forma a inter-relacionar os dois fatores.
Leia mais: + Redação Enem: como fazer uma boa introdução
Desenvolvimento nota 1000
O 2º e 3º parágrafos do texto geralmente são voltados para o desenvolvimento. É nessa parte que entram os argumentos que irão defender a ideia central já apresentada no 1º parágrafo. No desenvolvimento é comum fazer o uso de exemplos, como dados, eventos históricos, notícias e outros fatores que fortaleçam a argumentação.
Além disso, no desenvolvimento também é importante fazer uma "análise do fundamento", ou seja, demonstrar qual a relação entre os argumentos levantados e a ideia central defendida por você, demonstrando também a coerência no texto. Também é possível adicionar mais contextos histórico ou da atualidade que embasem e fortaleçam a argumentação.
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Conclusão nota 1000
A conclusão do texto ou, como alguns preferem, o último parágrafo da redação, serve para concluir tudo o que foi falado sobre a ideia central ao longo do texto e chegar em um objetivo final, geralmente reafirmando a tese formulada no começo.
No caso do Enem, é na conclusão que se deve fazer uma proposta de intervenção/solução, escrevendo como minimizar ou, como o próprio nome diz, solucionar a problemática encontrada no tema da redação. Para uma boa proposta de intervenção, é importante apresentar soluções práticas e detalhadas, que se relacionem com as questões apresentadas ao longo do desenvolvimento do texto e digam quais ações ou ação deverá ser tomada, por quem e qual será a sua finalidade. Tudo isso de forma concreta e viável.
Veja também: 95 citações para usar na redação do Enem
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Repertório sociocultural para redação
Possuir um bom repertório sociocultural é um fator muito importante na redação, sobretudo a do Enem, que sempre escolhe assuntos relevantes na sociedade como tema. O repertório pode ser explicado como todos os conhecimentos e saberes adquiridos ao longo da vida, sobre a sociedade, o mundo e seu funcionamento.
Assim, na hora de escrever uma redação, quanto maior for o seu repertório cultural, mais ampla será sua visão de mundo, o que leva à melhor capacidade de analisar e refletir criticamente sobre variados assuntos, e consequentemente facilita na hora de construir argumentos sobre um tema na redação.
Para melhorar o repertório, uma boa dica e buscar estar sempre atento ao que acontece no mundo e, principalmente, no Brasil pelos noticiários e veículos de imprensa confiáveis. Além disso, ler livros de autores que abordem a realidade do país, escutar podcasts, ver filmes e séries que tratem de problemáticas atuais são ótimas formas de ampliar a visão de mundo e entender sobre variados temas em alta.
Acesse: + Redação do Enem: como ir bem em qualquer tema?
Exemplos de redação nota 1000
Tema de redação: "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil" (Enem 2021)
- Autora da redação: Fernanda Quaresma
Em “Vidas secas”, obra literária do modernista Graciliano Ramos, Fabiano e sua família vivem uma situação degradante marcada pela miséria. Na trama, os filhos do protagonista não recebem nomes, sendo chamados apenas como o “mais velho” e o “mais novo”, recurso usado pelo autor para evidenciar a desumanização do indivíduo. Ao sair da ficção, sem desconsiderar o contexto histórico da obra, nota-se que a problemática apresentada ainda percorre a atualidade: a não garantia de cidadania pela invisibilidade da falta de registro civil. A partir desse contexto, não se pode hesitar – é imprescindível compreender os impactos gerados pela falta de identificação oficial da população.
Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida, na persistente falta de pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque, como já estudado pelo historiador José Murilo de Carvalho, para que haja uma cidadania completa no Brasil é necessária a coexistência dos direitos sociais, políticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se que, quando o pilar civil não é garantido – em outras palavras, a não efetivação do direito devido à falta do registro em cartório –, não é possível fazer com que a cidadania seja alcançada na sociedade. Dessa forma, da mesma maneira que o “mais novo” e o “mais velho” de Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros continuam por ser invisibilizados: sem nome oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem a dignidade de um cidadão.
Além disso, a falta do sentimento de cidadania na população não registrada reflete, também, na manutenção de uma sociedade historicamente excludente. Tal questão ocorre, pois, de acordo com a análise da antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde a Independência do Brasil, não há a formação de um ideal de coletividade – ou seja, de uma “Nação” ao invés de, meramente, um “Estado”. Com isso, o caráter de desigualdade social e exclusão do diferente se mantém, sobretudo, no que diz respeito às pessoas que não tiveram acesso ao registro oficial, as quais, frequentemente, são obrigadas a lidar com situações humilhantes por parte do restante da sociedade: das mais diversas discriminações até o fato de não poderem ter qualquer outro documento se, antes, não tiverem sua identificação oficial.
Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro está diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema. Assim, cabe ao Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ampliar o acesso aos cartórios de registro civil. Tal ação deverá ocorrer por meio da implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade Civil, o qual irá articular, junto aos gestores dos municípios brasileiros, campanhas, divulgadas pela mídia socialmente engajada, que expliquem sobre a importância do registro oficial para garantia da cidadania, além de instruções para realizar o processo, a fim de mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação. Afinal, assim como os meninos em “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia e o reconhecimento do seu nome e identidade.
- Autora da redação: Luiza Mamede
Uma referência quando o assunto é democracia é a antiga cidade grega Atenas, onde surgiu essa forma de governo com a participação popular na política e a valorização da cidadania, a qual, contudo, era bastante restrita, visto que excluía mulheres, estrangeiros e escravos. Nesse sentido, é possível observar que o Brasil atual vive uma situação análoga à ateniense, dado que, mesmo sendo uma democracia - neste caso, indireta - quase 3 milhões de brasileiros, segundo projeção do IBGE, não possuem registro civil, não sendo por isso, reconhecidos como cidadãos. Assim, torna-se imprescindível discutir essa situação, pois ela repete erros antigos ao privar grupos sociais da participação democrática e se perpetua por conta da morosidade do Estado que afeta direitos constitucionais.
Sob essa ótica, cabe frisar que a garantia de registro civil a todos os brasileiros é essencial e urgente porque permite a sua participação na sociedade. Acerca disso, o filósofo grego Aristóteles, segundo o conceito de Zoon Politikon, afirmava que o ser humano é um animal político e que a sua finalidade é a obtenção da felicidade, adquirida ao exercer o que lhe é substancial: pensar e viver em sociedade.
Dessa forma, evidencia-se a problemática da falta de acesso à cidadania no Brasil, uma vez que as pessoas que não são reconhecidas pelo Estado, devido à falta de documentação, são, por conseguinte, privadas da participação política e negligenciadas pela sociedade, impedidas de exercer a sua finalidade e alcançar a felicidade.
Ademais, é válido apontar que essa exclusão política e social vem sendo perpetuada pela lentidão administrativa do Estado. Nesse contexto, relembra-se que o sociólogo Gilberto Dimenstein, em sua obra “O Cidadão de Papel”, afirma que, embora o Brasil possua um sólido aparato legislativo, ele mantém-se restrito ao plano teórico. Dessa maneira, verifica-se a materialização do apontado por Dimenstein no fato de que os direitos previstos na Constituição Cidadã de 1988 não são garantidos a todos os brasileiros na prática, o que ocorre em grande parte devido à burocracia e à morosidade do Estado, que dificultam o registro dessas pessoas. Logo, sem documento, esses cidadãos invisíveis são privados do pleno acesso aos seus direitos constitucionais.
Portanto, infere-se que é mister que o Estado - cumprindo seu papel de garantir a cidadania a todos os brasileiros e de efetivar a Constituição Federal - combata as razões de sua própria lentidão por meio do destino de verbas para a construção de novas zonas de registro e para a contratação de profissionais para esse fim. Isso deve ser feito a fim de que não mais existam grupos excluídos da participação democrática, como ocorria em Atenas, e se garantam cidadania e os direitos, além da plena vivência política, a toda a população do Brasil.
Tema de redação: "Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet" (edição de 2018)
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Redação: Thais Saeger
É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e das relações sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede potencializou o fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os interesses dos usuários. Tal personalização se observa, também, na divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos.É importante ressaltar, em primeiro plano, de que forma o controle de dados na internet permite a manipulação do comportamento dos usuários. Isso ocorre, em grande parte, devido ao baixo senso crítico da população, fruto de uma educação tecnicista, na qual não há estímulo ao questionamento. Sob esse âmbito, a internet se aproveita de tal vulnerabilidade e, por intermédio da uma análise dos sites mais visitados por determinado indivíduo, modela o modo de pensar dos cidadãos. Nessa perspectiva, uma analogia com a educação libertadora de Paulo Freire mostra-se possível, uma vez que o pedagogo defendia um ensino capaz de estimular a reflexão e, dessa forma, libertar o indivíduo da situação a qual encontra-se sujeitado - neste caso, a manipulação.
Cabe mencionar, em segundo plano, quais os interesses atendidos por tal controle de dados. Essa questão ocorre devido ao capitalismo, modelo econômico vigente desde o fim da Guerra Fria, em 1991, o qual estimula o consumo em massa. Nesse âmbito, a tecnologia, aliada aos interesses do capital, também propõe aos usuários da rede produtos que eles acreditam ser personalizados. Partindo desse pressuposto, essa situação corrobora o termo "ilusão da contemporaneidade" defendido pelo filósofo Sartre, já que os cidadãos acreditam estar escolhendo um produto diferenciado mas, na verdade, trata-se de uma manipulação que tem a finalidade de ampliar o consumo.
Infere-se, portanto, que o controle do comportamento dos usuários possui íntima relação com aspectos educacionais e econômicos. Dessa maneira, é imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários nas escolas, ensinar os alunos a buscarem informações de fontes confiáveis como artigos científicos e pela checagem de dados, com o fito de estimular o senso crítico e evitar que os estudantes sejam manipulados. Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode oferecer a disciplina de educação tecnológica por meio de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na construção da consciência coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida.
- Isabel Petrenko
No filme “O jogo da imitação”, o personagem Alan Turing consegue prejudicar o avanço da Alemanha nazista, posto que decifrou os algoritmos correspondentes ao projeto de guerra de Hitler. Diante disso, pode-se observar, desde a segunda metade do século XX, a relevância do conhecimento tecnológico para atingir certos objetivos. Contudo, diferentemente de tal contexto, atualmente, utiliza-se a tecnologia, muitas vezes, não para o bem coletivo, como representado pelo filme, mas para vantagem privada, mediante a manipulação de dados de usuários da internet. Destarte, é fundamental analisar as razões que fazem dessa problemática uma realidade no mundo contemporâneo.Em primeiro lugar, cabe abordar a dificuldade de regulação dos sites quanto ao acesso aos dados de quem está inserido no ambiente virtual. De acordo com Sartre, o homem deve zelar pelo bem coletivo em detrimento do individual, uma vez que ele está articulado a uma comunidade. No entanto, a tecnologia, atualmente, rompe com tal lógica altruísta, pois prioriza-se o lucro gerado pela manipulação do indivíduo. Isso ocorre porque muitas empresas detêm habilidades técnicas para traçar perfis individuais, direcionando, por conseguinte, o consumo, além de influenciar escolhas e gostos de cada um. Logo, verifica-se também uma ruptura com a filosofia kantiana de que a pessoa deve ser um fim em si mesma e não um meio de conseguir alcançar interesses particulares. Ademais, outro fator a salientar é a falta de informação do público no que tange à internet. Diante do advento da Era Tecnológica, a priori com a Terceira Revolução Industrial e, posteriormente, com a Quarta, nota-se uma educação incompleta e que não prepara o indivíduo para um mundo imerso em computadores e inteligência artificial. Nessa perspectiva, apesar de, desde a infância, estar em contato com tablets e celulares, a criança cresce sem saber discernir corretamente quais informações podem ser publicadas ou se seu dispositivo está realmente seguro. Torna-se evidente, portanto, a necessidade de repensar a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Assim, cabe ao Executivo combater o domínio de elementos pessoais dos consumidores, por meio do investimento na área de tecnologia de informações do Ministério de Ciência e Tecnologia, que deverá aprimorar seu sistema de identificação de uso impróprio de tais dados. Desse modo, poderá ser alcançado o objetivo de proteger os brasileiros inseridos na esfera cibernética. Outrossim, compete ao Ministério da Educação promover a inclusão de disciplinas como Ética e Tecnologia , mediante a alteração na Lei de Bases e Diretrizes da Educação, que impulsionará uma maior difusão da percepção crítica acerca do mundo virtual e de como utilizá-lo, a fim de mitigar a manipulação da conduta dos consumidores. Dessa forma, além de formar cidadãos mais capazes de reconhecer tal adversidade, será possível construir uma sociedade mais bem intencionada e preocupada com o bem coletivo.
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