Atualizado em 01/06/2021
Na história do Brasil, ocorreram diversas revoltas, isto é, manifestações de grupos sociais e políticos a favor de seus interesses e contra o autoritarismo do governo e a marginalização social e política.
Por vezes, como o nome sugere, as revoltas são movimentos mais violentos, motivados por sentimentos de raiva, indignação e injustiça. Em geral, elas também têm caráter mais regional.
Diferente do processo de revolução, que implica numa completa mudança no contexto social, político, econômico ou cultural, as revoltas populares nem sempre atingem seus objetivos.
De acordo com a professora Rafaela Mateus, autora de História do Sistema de Ensino pH, desde 2018, se tornou recorrente a abordagem sobre revoltas nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), principalmente sobre aquelas ocorridas no Brasil entre os séculos XIX e XX.
“Geralmente, elas são abordadas a partir de uma situação-problema. Ou seja, não é necessário ter o domínio de detalhes sobre a revolta, mas compreendê-la a partir do contexto a qual está inserida”, explica Rafaela.
Em relação às questões sobre revoltas populares no Enem, a professora Rafaela destaca: “A análise dessas questões demonstra a importância de se compreender esses episódios a partir de uma perspectiva baseada na relação sociedade e Estado”.
Outro aspecto ressaltado pela professora e que merece a atenção dos estudantes é a postura adotada pelo governo da época. “Embora muitos dos episódios revoltosos tenham suas demandas atendidas, de certa maneira, a repressão ao movimento é uma prática comum, adotada pelos governos de diferentes períodos da História do Brasil”, justifica.
7 revoltas da história do Brasil que podem cair no Enem
Para te ajudar a se preparar para o Enem, a Revista Quero listou 7 possíveis revoltas populares que podem cair no Enem, elencadas pela professora Rafaela. Confira!
Revoltas estudantis no Brasil e no mundo em 1968
O ano de 1968 foi marcado pela onda de manifestações e protestos do movimento estudantil contra posturas conservadoras da época. Iniciado pelas universidades de Paris, logo o movimento se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil, que vivia sob ditadura militar.
Os movimentos tinham como pano de fundo a violência da Guerra do Vietnã, o autoritarismo soviético na Primavera de Praga, as ditaduras no Brasil e na América Latina, a descolonização na África, as lutas pelos direitos civis da população negra nos Estados Unidos, entre outros.
Foi um período de efervescência social, iminência de ideais revolucionários e expressões contraculturais, que pautou temas como uso político do corpo, liberdade de expressão, não-violência, meio ambiente e liberdade sexual.
Leia mais no Manual do Enem: Maio de 1968
Revolta dos 18 do Forte
A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, ocorrida em 1922 na então capital do país, Rio de Janeiro, foi a primeira revolta do Movimento Tenentista. O movimento composto por jovens tenentes do exército reivindicava o fim do poder das oligarquias cafeeiras, que caracterizavam a República Velha.
Os revoltosos do forte de Copacabana dispararam canhões contra vários redutos do exército e sofreram forte repressão militar. No dia seguinte, cerca de 18 rebeldes que ainda resistiam abandonaram o forte e saíram marchando pela orla de Copacabana, na chamada “marcha para a morte”. Os registros da época divergem sobre o número de revoltosos presos, mortos e feridos.
Leia mais no Manual do Enem: Movimento Tenentista
+ Primeira República (República Velha)
Revolução de 1932
A chamada Revolução Constitucionalista de 1932 foi um movimento das elites do estado de São Paulo contra o governo de Getúlio Vargas, que subiu ao poder após o golpe de 1930. Os paulistas haviam apoiado Vargas para que ele convocasse as eleições da Assembleia Constituinte, para eleger um novo presidente. Mas, a promessa não se cumpriu.
Em maio de 1932, os paulistas descontentes realizaram uma manifestação a favor das eleições, no centro de São Paulo. O ato foi duramente reprimido pelas autoridades e terminou com a morte de quatro estudantes: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. As iniciais dos jovens M.M.D.C. se tornaram símbolo do movimento.
Neste contexto, os paulistas mobilizaram a população e montaram uma tropa armada. Foram quase 90 dias de combate contra as forças do governo até que os paulistas se rendessem. Apesar da derrota militar, o movimento conseguiu atingir seus objetivos políticos.
Estude mais no Manual do Enem: Era Vargas
+ Revolução de 1930
Guerra de Canudos
A Guerra de Canudos foi uma das maiores guerras civis da história do Brasil, ocorrida entre 1896 e 1897, no sertão da Bahia. O movimento era popular e também messiânico, já que seu líder, Antônio Conselheiro, se considerava um enviado de Deus para salvar o povo nordestino.
Em meio à miséria, milhares de pessoas passaram a seguir Antônio Conselheiro, que pregava por melhores condições de vida, sendo contra o poderio dos coronéis e os impostos republicanos.
As ideias de Antônio Conselheiro contra a República se difundiram entre as autoridades baianas. Temendo as ideias monarquistas dos integrantes de Canudos, o governo enviou expedições armadas para desmontar a comunidade. A repressão violenta da República deixou cerca de 25 mil mortos.
Veja mais no Manual do Enem: Guerra de Canudos
+ Primeira República
Revolta dos Malês
No contexto da escravidão, várias revoltas de negros escravizados ocorreram em Salvador, a então capital do Brasil Colônia. Entre elas, se destaca a Revolta dos Malês, em 1835, considerada a maior revolta de escravos da história brasileira. Organizada por negros de origem islâmica, os chamados de malês, eles visavam não só a liberdade, mas também eram contra a imposição da religião católica.
Reunindo cerca de 1500 negros, o movimento arrecadou dinheiro para comprar armas e planejava atacar o quartel da cidade, mas foi denunciado às autoridades. Mesmo assim, os malês tentaram seguir com o plano, que acabou com o massacre do movimento pelas tropas da Guarda Nacional.
Estude mais no Manual do Enem: Brasil Colônia
+ Escravidão no Brasil
Inconfidência Mineira
A Inconfidência Mineira foi um movimento emancipacionista, elitista e republicano que aconteceu em Minas Gerais, em 1789, durante o Período Colonial. A população estava descontente com as determinações da metrópole portuguesa, que cobrava altos impostos, como o Quinto e a Derrama, e proibiu a produção industrial no Brasil.
Importantes figuras das cidades extratoras de ouro em Minas Gerais articularam a revolta. Entre eles, o alferes e pequeno minerador, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Influenciados pelo Iluminismo francês e pela Independência dos Estados Unidos, os revoltosos pretendiam não só libertar o Brasil do domínio colonial português, mas também proclamar a República no Brasil.
A revolta foi reprimida pelo governo antes mesmo de acontecer, pois os inconfidentes foram traídos por um de seus integrantes. Pertencentes à elite, a maioria dos líderes do movimento acabou exilada na África. Mas, Tiradentes foi sentenciado à pena de morte e acabou enforcado, esquartejado e teve seus membros expostos em praças públicas da região de Minas Gerais.
Estude mais no Manual do Enem: Inconfidência Mineira
+ Brasil Colônia
Conjuração Baiana
A Conjuração Baiana ou Conjuração dos Alfaiates foi um movimento republicano, separatista e abolicionista, que aconteceu na cidade de Salvador, em 1798. Revoltados pelos impostos cobrados pela metrópole portuguesa e a falta de alimentos, o movimento uniu brancos, mestiços, negros livres e escravizados de diversas profissões.
Inspirados pelas ideias iluministas da Revolução Francesa e as ideias abolicionistas da Revolução Haitiana, o movimento queria a independência da Bahia, o fim da escravidão e melhores condições de vida para a população.
Assim como ocorreu na Inconfidência Mineira, a revolta não chegou a acontecer de fato. A distribuição de folhetos do movimento pela cidade alertou as autoridades, que iniciaram uma investigação. Entre dezenas de pessoas presas, quatro líderes foram decapitadas e esquartejadas, tendo suas partes expostas pela cidade.
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+ Escravidão no Brasil