Atualizado em: 02/03/2022
Atualmente, o mundo enfrenta a pandemia do novo coronavírus, denominado de covid-19. A doença surgiu na província de Wuhan, na China, em dezembro de 2019. Hoje, ela já está praticamente em todos os países do mundo e já infectou quase 3 milhões de pessoas.
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A covid-19 é uma doença infecciosa que ataca as vias respiratórias. Os sintomas são parecidos com os da gripe, como tosse, febre, coriza, dor de garganta e dificuldade para respirar. Enquanto alguns casos podem ser assintomáticos, outros podem evoluir para pneumonias graves que levam à morte.
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Os médicos e pesquisadores do mundo todo correm contra o tempo para descobrir um remédio, para tratar o doentes, e uma vacina, para prevenir mais casos. Até o momento, a prevenção recomendada é o isolamento social, já que a doença é transmitida pelas vias aéreas e é altamente contagiosa.
Um pouco mais de 100 anos atrás, outra pandemia atingiu o mundo todo e mudou a rotina de vários países: a gripe espanhola. Também conhecida como gripe de 1918, a doença era causada pelo vírus influenza e é considerada uma das doenças mais letais da história.
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A gripe espanhola
A origem da gripe espanhola ainda é desconhecida. Provavelmente, ela foi uma consequência da Primeira Guerra Mundial, devido a escassez de alimentos e piora das condições sanitárias durante e depois do conflito.
Também não se sabe ao certo quantas pessoas foram atingidas pela doença, se estima 600 milhões de pessoas tenham contraído a doença, um terço da população mundial da época.
O número de mortos é estimado entre 20 a 50 milhões de pessoas - número de vítimas maior do que a própria guerra mundial. No Brasil, cerca de 35 mil pessoas morreram de gripe espanhola, inclusive o presidente Rodrigues Alves, que nem chegou a assumir o cargo.
Diferentemente da covid-19 - que se sabe se tratar de um novo coronavírus surgido na China - em 1918 e 1919, os médicos desconheciam o vírus influenza, sua origem e a forma de contágio. Assim, a doença se alastrou de forma devastadora e apresentou situações muito semelhantes à vividas atualmente pela pandemia de covid-19.
Semelhanças entre a covid-19 e a gripe espanhola
Em entrevista ao site Coronacrise do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a pesquisadora e mestre em História Gabrielle Werenicz Alves elencou as principais semelhanças entre a gripe espanhola e a covid-19. Confira as 8 comparações entre as doenças!
Rápida disseminação
Por conta do mundo globalizado e mais conectado pelos meios de transporte, o novo coronavírus saiu da China e chegou em poucos dias ao restante do mundo.
Em 1918, apesar da dificuldade maior na conexão entre os países, a guerra provocou o deslocamento e contato de tropas de diversas partes do mundo e, ao voltar para casa, os soldados doentes levaram o vírus para seu país de origem. Além do mais, os dois vírus são altamente transmissíveis.
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Busca desenfreada por remédios e proteção
Com a chegada da covid-19 ao Brasil, logo os produtos como álcool em gel 70% e máscaras desapareceram das prateleiras e sofreram alta nos seus preços. Houve alta procura também da substância cloroquina, um medicamento ainda estudado pelos pesquisadores como um dos tratamentos contra a covid-19, mas que ainda não teve sua eficácia comprovada.
Da mesma forma, há 100 anos, o medicamento quinino sumiu das farmácias e ficou mais caro. O quinino era originalmente utilizado contra a malária e ainda estava sendo testado pelos médicos para o tratamento da gripe espanhola.
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Mortes de todas as faixas etárias
Apesar do coronavírus ser mais perigoso para pessoas idosas e portadores de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e asma, muitas pessoas jovens e saudáveis já morreram pela doença.
Já a gripe espanhola causou surpresa aos médicos por provocar a morte, principalmente, de homens entre 20 e 40 anos. Normalmente, os idosos que eram as maiores vítimas de gripes.
Descrença e desvalorização da doença
Em 1918, muitas pessoas desacreditavam da existência e força da gripe espanhola e até mesmo o governo tratou a doença como pouco preocupante no início. Alguns países chegaram a omitir informações e censurar a imprensa na tentativa de esconder e suavizar os estragos da pandemia, inclusive o Brasil.
Quando os jornais da época publicavam a real situação da pandemia, muitos acreditavam que eram notícias mentirosas e alardes desnecessário. Na atualidade, novamente houve muita descrença sobre a gravidade da covid-19, inclusive pelas autoridades, e disseminação de fake news. Até hoje, muitas pessoas não respeitam o isolamento social.
Paralisação do mundo
Atualmente, a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) contra a covid-19 é o isolamento social de todas as pessoas como forma de evitar o colapso dos sistemas de saúde. A quarentena tem esvaziado ruas e mudado a rotina e paisagem do mundo todo.
Na época da gripe espanhola, o governo não recomendou o isolamento social e paralisação das atividades econômicas e sociais. Mas, naturalmente, os serviços básicos, como correios, mercados e transportes, foram afetados, pois os carteiros, comerciantes e entregadores estavam doentes. O isolamento aconteceu pelo grande número de pessoas que estavam em casa doentes.
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Crise no sistema funerário
Além da crise e colapso do sistema de saúde, visto durante as duas pandemias, há também o colapso no sistema funerário. São tantas mortes que faltam covas e o sistema não dá conta de sepultar todos. A covid-19 já levou diversos países e cidades decretarem colapso no sistema funerário.
Do mesmo modo, as mortes por gripe espanhola eram tantas que muitas pessoas faleciam em casa, diversos corpos se acumulavam nas ruas e haviam covas coletivas. E pior: não havia nem quem fabricasse os caixões, transportasse os corpos e os enterrasse, pois estes profissionais também tinham falecido pela doença.
Racismo e xenofobia
Apesar de ter surgido na China, não é correto se referir à covid-19 como uma “gripe chinesa”, o ato se caracteriza como racismo e xenofobia e já causou ataques xenofóbicos a orientais no Brasil.
Apesar da “gripe espanhola” ser o nome da doença chegado ao Brasil, ela não surgiu na Espanha. Pela omissão de informações, é difícil para os pesquisadores determinar onde o vírus surgiu.
Na época, o nome da doença acompanhava o sentimento xenofóbico. Em cada país, a gripe recebeu um nome diferente, na França era “Peste da Senhora Espanhola”; na Espanha, “Febre Russa”; já na Rússia era “Febre Siberiana”; e na Sibéria, “Febre Chinesa”, e assim foi.
Notícias falsas
Nos dias atuais, foram uma infinidade de notícias falsas criadas sobre o novo coronavírus, ora desacreditando da pandemia, ora tornando o desespero ainda maior. Uma das fake news era sobre o coronavírus ser um vírus criado em laboratório pela China ou Estados Unidos para infectar o mundo (os cientistas já confirmaram ser um vírus surgido e transmitido naturalmente).
Em 1918, também não faltaram teorias sobre a origem da doença. Muitos acreditavam ser um doença criada artificialmente pelos alemães, que haviam perdido a guerra, e espalhada ao mundo através de garrafas jogadas no mar e recolhidas por banhistas.
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