Você já saiu de uma entrevista com a ideia pulsante em sua cabeça "o entrevistador não foi com a minha cara"? Se sim, você pode ter passado por uma situação muito comum em que o entrevistado não consegue se conectar com o entrevistador de forma direta. Isso não significa que o entrevistador precise gostar de você, querer ser seu amigo e te convidar para um chope, mas sim compreender com clareza os seus pontos e não ser impactado negativamente por sua forma de se expressar.
Para trabalhar essa questão podemos recorrer aos estudos do psicólogo americano Marshall Rosenberg sobre Comunicação Não Violenta (CNV) e identificar aspectos úteis para criar uma conexão objetiva com o entrevistador.
O que é Comunicação Não Violenta?
Rosenberg diz logo na introdução de seu livro Comunicação Não Violenta que a "CNV se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições
adversas" .
Pensar sobre isso pode nos ajudar a observar a forma que nos expressamos e compreendemos o que é dito pelas pessoas que nos cercam. Quando nos expressamos por meio de palavras, é importante saber que não devem ser reações repetitivas e
automáticas, mas sim palavras conscientes, ligadas diretamente ao que estamos percebendo, sentindo e desejando, para que possamos nos expressar com mais objetividade, e de forma mais honesta considerando o outro, ou seja, de forma empática e respeitosa.
Marshall define que existem quatro componentes que norteiam a CNV, são eles: observação, sentimento, necessidade e pedido.
O vídeo (disponível no Youtube) a seguir pode ajudar na compreensão da Comunicação Não Violenta
Comunicação Não Violenta na Entrevista de Emprego
Ser submetido a um processo de seleção pode nos fazer sentir um pouco desconcertado em algumas situações e nos levar a reagir de uma maneira prejudicial para nós mesmos.
Em uma entrevista de emprego o seu objetivo é fazer com que o selecionador conheça sua trajetória pessoal e profissional e identifique se você tem ou não o perfil para a vaga disponível. Muitas vezes o entrevistador precisa fazer perguntas delicadas como, por exemplo, o motivo da demissão anterior, ou pressionar um pouco os candidatos, estes muitas vezes entram no modo reativo, o que não é ideal para o momento.
Aplicando componentes da CNV em uma situação comum em entrevistas de emprego:
Observe que o entrevistador precisa te testar, então ele irá te desestabilizar algumas vezes durante a conversa e você precisa estar consciente dos sentimentos que isso gera em você, que podem ser frustração, raiva, simpatia ou antipatia.
Avalie sua necessidade no momento.É preciso pensar em como o seu sentimento pode ser trabalhado da melhor forma para que seu objetivo inicial não seja influenciado negativamente, portanto, pode ser que rebater a uma crítica do entrevistador de maneira agressiva não seja a melhor solução, pode ser que um pedido de dicas para o entrevistador sobre cursos, leituras e experiências que possam ajudar nesse aspecto que ele identificou como negativo seja uma opção válida, se você notar que o entrevistador te dá espaço para tal atitude, claro.
Agir dessa maneira poderá evitar que a entrevista desvie seu foco para uma disputa de argumentos. Isso não significa que você deva aceitar críticas que não caibam a você e simplesmente abaixar a cabeça, mas que você precisa absorver o que é dito pelo entrevistador e não reagir sem pensar brevemente a respeito.
Praticar uma Comunicação Não Violenta exige que você seja mais empático. É preciso considerar o outro em suas necessidades e individualidade mas sem suprimir as suas. É buscar uma relação mais pacífica onde o objetivo é não prejudicar nenhum dos lados.