Se para alguns a escolha de ser professor é loucura, para outros é a realização de um sonho. Mas será que vale a pena seguir o sonho de ser professor? Será que a satisfação que se tem na profissão ainda é maior do que as frustrações com a desvalorização da Educação?
Pensando em responder a essas questões, conversei com a professora Thaís Mamprin que é habilitada em Artes Visuais pela Unesp – Campus São Paulo e que atua há 11 anos em sala de aula.
A desvalorização do professor
Sem dúvida, o professor ainda é muito desvalorizado no nosso país e em muitos aspectos, por exemplo pela remuneração, já que neste ano, 2017, o salário base nacional do profissional passou para R$ 2.298,80, mas segundo os sindicatos, esse valor está longe de ser o que recebe a maioria dos professores.
Para a professora Thaís, essa desvalorização do profissional acompanha a desvalorização da própria educação. No Brasil faltam inúmeros recursos para lidar com tantas demandas - saúde, segurança e outros direitos do cidadão - que refletem diretamente em sala de aula.
Por que ser professor?
Para ela, uma vez que esteve dentro da sala de aula, foi apaixonante. Ela também compartilhou sua paixão e encantamento pelas crianças e pela possibilidade de mudar muitas coisas, socialmente falando. Thaís acredita que mesmo fazendo estágio nas escolas durante a licenciatura, muitas vezes, o universitário não tem a real dimensão de tantas coisas e âmbitos que influenciam na sala de aula.
Vemos que, por um lado, encontramos graduandos em licenciatura que se apaixonam pelo mundo da educação, e por outro, estudantes que desanimam com o curso por não terem pesquisado sobre a área e também pelo fator de não ter em si essa visão e vontade de mudança. Thaís afirma que “no chão da escola” é possível ver e tentar se aproximar de infinitas realidades, e assim é possível compreender como e o que ensinar aos alunos. Mas ela ressalta que isso depende de um ponto de vista humano e social do professor, afinal, na profissão ainda existem aqueles que buscam apenas a estabilidade de um concurso público.
A satisfação e frustração na profissão
A vida de um profissional é marcada por vários momentos, e na educação não é diferente. Questionada sobre a satisfação da profissão, ela diz que são muitos os momentos satisfatórios, por exemplo, ao ver ex-alunos felizes, não só profissionalmente, mas seguros de escolhas que fizeram, que são respeitosos, que opinam e que pensam para si e para o outro. Além disso, ela ressalta a satisfação cotidiana, como o carinho, abraços que recebe e quando a procuram para conversar.
Mas não é somente de satisfação que vive um professor, alguns momentos de frustrações também passam por essa carreira, principalmente, por questões de políticas públicas.
Thaís diz que sua frustração na profissão vem quando os “grandes” usam a educação como mercadoria. É uma sensação de impotência quando se sabe que precisaria de um pouco mais (de boa vontade até) para poder atingir e ampliar o campo de ensino, aprendizagem, formações, etc.
Vale a pena ser professor?
Para a professora Thaís, vale muito a pena! Ela diz que estar nessa profissão não tem de ser por vocação, é para ter atitude e ser participativo nas políticas públicas que decidem e pensam sobre as ações da e na educação. Segundo ela, as gratificações e satisfações são maiores que os obstáculos da profissão.
Com essa conversa, confirmei o que eu já pensava até então, que para ser professor, não é preciso apenas a tal da aptidão, mas sim ter vontade dentro de si. Vontade de mudar, de transformar, de romper obstáculos e de entrar para essa batalha em prol da educação.
Eu, como graduando, pedi a ela que deixasse uma mensagem para todas as pessoas que cursam ou pensam em cursar licenciatura. E ela nos dá o seguinte recado:
“Persistam! A educação ainda é o melhor caminho para as mudanças tão desejadas e almejadas pela sociedade!"