Atualizado em 24/10/2023
O Brasil é considerado o campeão mundial no consumo de agrotóxicos. Os agrotóxicos são produtos químicos que tem a função de matar pragas e doenças que prejudicam as lavouras.
Seu uso popularizou-se na década de 1960, com a Revolução Verde, um movimento de modernização na agricultura com novas tecnologias visando o aumento da produtividade.
Agrotóxicos x Defensivos agrícolas
Como o nome já diz, agrotóxico é uma palavra que assusta os consumidores e seu uso exagerado tem causado muita polêmica e discussão.
De um lado estão parte dos consumidores e pequenos produtores que condenam o uso dos agrotóxicos pelos males à saúde e natureza e, de outro, estão os representantes do agronegócio que defendem seu uso para manter a produtividade das colheitas e os chamam de defensivos agrícolas.
Um exemplo do movimento contrário aos agrotóxicos é o documentário “O veneno está sobre nossa mesa” que questiona o uso abusivo de agrotóxicos na agricultura brasileira, o porquê a situação é preocupante e reflete sobre possíveis soluções.
Já o jornalista Nicholas Vital, autor do livro “Agradeça aos agrotóxicos por estar vivo”, critica a intitulação agrotóxico, termo legal e definido pela legislação brasileira.
Em seu livro, ele esclarece que os agroquímicos ou praguicidas são como remédios usados por humanos, mas voltados para as doenças das plantas e defende a importância do seu uso.
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PL do veneno
O projeto de lei nº 6.299/2002, conhecido como o PL do veneno, reacendeu as discussões. O projeto altera as regras para o uso de agrotóxicos no Brasil. Os contrários aos agrotóxicos criticam que o projeto flexibiliza demais as regras e fiscalização.
Já os favoráveis defendem que o projeto pode desburocratizar os processos. Atualmente, o projeto de lei está parado, mas pronto para ser votado em plenário.
Argumentos sobre o uso de agrotóxicos
Com o assunto em alta, agrotóxicos são um possível tema de redação no Enem e outros vestibulares. Na maioria dos vestibulares, é exigido um texto dissertativo-argumentativo, no qual você deve defender suas ideias por meio de argumentos baseados em dados.
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Para você se preparar para sua redação, a Revista Quero reuniu os principais argumentos prós e contras agrotóxicos. As nomeações também podem ser usados ao seu favor: os contrários utilizam o nome agrotóxicos e os favoráveis usam o termo defensivos agrícolas. Confira!
Alto consumo de agrotóxicos no Brasil
Contra: Desde 2008, o Brasil lidera o mercado mundial de agrotóxicos e é campeão no consumo desses produtos no mundo. De acordo com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o brasileiro consome cerca de 7,6 litros de agrotóxico por ano em números brutos, incluindo plantações que não dão origens a alimentos.
Pró: O uso de defensivos agrícolas no Brasil é alto porque o país é um grande produtor, considerado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura como o terceiro maior exportador agrícola do mundo, responsável por 5,7% da produção agrícola mundial.
Por conta do clima tropical, o país pode produzir mais safras por ano. Além disso, ao dividir o total de defensivos agrícolas consumidos pela quantidade de hectares de área plantada, o Brasil fica em 7º lugar. Enquanto o Brasil gasta US$ 137 em defensivos agrícolas por hectare, o Japão, em 1º no ranking, consome mais de US$ 1.100 por área cultivada.
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Aumento no uso de agrotóxicos
Contra: Dados do Ministério da Agricultura e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) mostram que, entre 2000 e 2014, o uso de agrotóxicos aumentou 135% no Brasil.
De acordo com o Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos do Ministério da Saúde, entre 2007 e 2013, a venda de agrotóxicos aumentou 90,5%. Entretanto, nesse mesmo período, a área plantada cresceu apenas 19,5%. O crescimento desproporcional sugere que a população brasileira esteja mais exposta à contaminação dos agrotóxicos.
Pró: Um dos principais fatores de crescimento da agricultura é o crescimento populacional. A população mundial deve chegar a 9,7 bilhões de pessoas em 2050, diz a ONU. Já no Brasil, a população chegará a mais de 130 milhões de pessoas até 2047, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A agricultura brasileira cresceu mais de 6 vezes de 1975 até 2017 e deve crescer mais, já que muitos dos seus produtos alimentam não só o Brasil, sendo exportados para o mundo. Quanto maior o setor agrícola, maior será o uso de defensivos agrícolas.
Riscos à saúde
Contra: A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou em 2018 que os agrotóxicos e outras substâncias químicas matam 193 mil pessoas no mundo por ano.
A ONU também afirma que os agrotóxicos estão relacionados com doenças como arritmias cardíacas, lesões renais, câncer, alergias respiratórias, doença de Parkinson, fibrose pulmonar, entre outras. No Brasil, estudos na Chapada do Apodi, Ceará, e na Universidade Federal do Mato Grosso já mostraram consequências negativas dos agrotóxicos para a saúde humana.
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Pró: Antes de serem comercializados, os defensivos agrícolas passam por testes em laboratório e os que apresentarem riscos à saúde, como possibilidade de causar câncer, má-formação de fetos, alterações no DNA ou hormonais, são proibidos pela legislação atual.
Segundo dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) da Anvisa, de 2013 a 2015, 98,89% das amostras não foram identificadas situações de potencial risco agudo e 80,3% das amostras foram satisfatórias, sem resíduos irregulares.
Riscos de intoxicação
Contra: De acordo com o Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, publicado em 2018, foram notificados mais de 84 mil casos de intoxicação por agrotóxico entre 2007 e 2015 em unidades de saúde das redes pública e privada.
Além disso, nesse período, essas intoxicações cresceram 139%, por conta do aumento da comercialização de agrotóxicos e melhoria na atuação da vigilância e assistência à saúde.
Pró: Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), do Ministério da Saúde, do total de 42.127 casos de intoxicação humana em 2013, somente 4,23% eram por defensivos agrícolas.
Além disso, metade desses casos foram tentativas de suicídio, ou seja, não aconteceram no campo. Já no caso das intoxicações no campo, a maioria acontece por falta do uso ou manuseio incorreto dos equipamentos de proteção e utilização indevida dos defensivos.
Proibições em outros países
Contra: A atual lei que regulamenta os agrotóxicos no Brasil é mais permissiva que as leis de outros países. Segundo o atlas “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”, da geógrafa Larissa Lombardi, dos 504 tipos de agrotóxico permitidos no Brasil, 30% são proibidos na Europa pelos riscos comprovados à saúde.
Pró: Todos os defensivos agrícolas brasileiros passam por anos de estudos e testes em laboratórios antes de serem comercializados e precisam ser aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Agricultura e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), num processo demorado e burocrático.
Para circular no mercado interno ou externo, assim como os medicamentos, cada produto agrícola precisa de uma receita, chamada receituário agronômico, que é feita por um engenheiro agrônomo.
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Riscos à natureza
Contra: Além da contaminação dos alimentos, do solo e das águas, o uso de agrotóxicos altera um processo natural e pode empobrecer o solo, fazendo com que se expanda as áreas cultivadas e se desmate mais.
Além disso, boa parte das sementes disponíveis no mercado são modificadas e já dependentes dos agrotóxicos, fazendo com que os agricultores dependam desses químicos em suas plantações.
Pró: Os produtores agrícolas precisam usar defensivos agrícolas para garantir o crescimento das plantações e a produtividade das colheitas. De acordo com o livro "Defesa Vegetal - Fundamentos, Ferramentas, Políticas e Perspectivas”, as perdas por doenças e pragas podem chegar a R$ 55 bilhões por ano.
Ao garantir a produtividade, os defensivos permitem que se produza mais com espaço e tempo menores, evitando mais desmatamento.
Alimentos orgânicos x Produtividade
Contra: O ideal seria o consumo de alimentos orgânicos, que não utilizam agrotóxicos e incentivam e fortalecem a produção local e familiar de pequenos agricultores. Os alimentos orgânicos são mais sustentáveis, saborosos e saudáveis. Os alimentos são mais caros pois demoram mais para produzir e não têm incentivos governamentais.
Pró: Os alimentos orgânicos são muito caros e representam menos de 1% do mercado de alimentos no Brasil. O uso dos defensivos agrícolas garante a produtividade das lavouras e o menor custo. Além de evitar perda de alimentos, os defensivos mantém a qualidade dos produtos.
Segundo o jornalista Nicholas Vital, no seu livro “Agradeça aos agrotóxicos por estar vivo”, os alimentos orgânicos não têm vantagens em relação aos convencionais, mas viraram moda graças às campanhas contra os agrotóxicos.
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Modelo de redação sobre agrotóxicos
Confira abaixo um exemplo de redação sobre "a luta contra os agrotóxicos no contexto brasileiro", retirada do portal Imaginie Redação, e tenha uma ideia de como formular a sua redação quando for estudar sobre este tema.
Poluição do meio ambiente, contaminação e intoxicação. Esses são alguns exemplos dos problemas encontrados pelo uso indiscriminado dos agrotóxicos, visto que esse emprego nas plantações tornou-se presente na contemporaneidade. Ademais, a indefinição de leis que regulamente o uso de substâncias tóxicas incrementa a utilização irresponsável das mesmas e, infelizmente, verifica-se um impacto negativo na saúde pública do país. Logo, é necessário adotar medidas eficazes para inverter tal situação.
Em primeiro plano, desde a Revolução Industrial, período caracterizado pela produção em massa, os agricultores buscam alternativas para aumentar a produção e diminuir a perda por pragas. Nesse sentido, com o objetivo de, cada vez mais, aumentar a lucratividade, os produtores utilizam defensivos agrícolas de forma inconsequente e, assim, observa-se um maior impacto ambiental. Dessa forma, fauna e flora são comprometidas por tais produtos, que por serem altamente tóxicos, exterminam outras espécies benéficas para a plantação. Como resultado disso, nota-se o desequilíbrio do ecossistema, o que causa ainda, extinção de espécies, além de poluição dos lençóis freáticos e do solo.
Outrossim, é indubitável que a falta de definição do ente responsável pela fiscalização de substâncias tóxicas induz ao uso incontrolável. Nesse contexto, segundo John Locke, o Estado é responsável por manter e proteger todos os direitos do cidadão, como a vida e liberdade. Sob tal ótica, por ocorrer fragmentação dos órgãos responsáveis pela fiscalização, observa-se uma falta de controle do uso de agrotóxicos e, como resultado disso, conforme pesquisa divulgada pelo portal UOL no primeiro semestre de 2015, o Brasil é considerado o maior consumidor de pesticidas químicos no mundo. Consequente a isso, a utilização das praguicidas acarreta em alimentos contaminados, que ao serem ingeridos irá ocasionar problemas de enfermidades e, com isso, sobrecarregar as unidades públicas de saúde para contornar tal mazela.
Por tudo isso, nota-se a necessidade de intervenções para alterar esse panorama. Desse modo é urgente que o Governo crie um órgão único para fiscalização da utilização de substâncias tóxicas. Tal ação deve ocorrer por intermédio de leis mais severas, tais como punir o produtor que utilizar a quantidade maior do que a permitida e estimular o uso de pesticidas orgânicos, a fim de reduzir os impactos ambientais e melhora na saúde pública. Afinal, somente com o engajamento de todos é possível transformar índices negativos em uma sociedade com um futuro melhor.
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