Atualizado em 15 de fevereiro de 2024
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia é considerada um dos principais acontecimentos dos últimos anos. Isso porque os impactos do conflito foram sentidos no mundo inteiro, devido ao envolvimento indireto de diversos países.
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A situação ficou crítica a partir de fevereiro de 2022, após anos de tensões crescentes e falhas nas negociações diplomáticas, a Rússia lançou uma invasão em grande escala da Ucrânia.
Esta ação foi condenada pela maioria da comunidade internacional como uma violação do direito internacional e uma agressão não provocada contra a soberania ucraniana.
O conflito resultou em milhares de mortes e feridos, além de provocar uma crise de refugiados, com milhões de ucranianos fugindo para países vizinhos em busca de segurança
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Por isso, a presença do tema no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e em outros vestibulares é uma aposta de diversos professores do Ensino Médio e de cursinhos pré-vestibular.
Guerra entre Rússia e Ucrânia: como o tema pode cair no Enem
Uma das características do conflito entre a Rússia e a Ucrânia é a complexidade do tema, pois é necessário identificar e compreender diversos assuntos relacionados para, enfim, ser possível analisar as motivações e os possíveis desdobramentos da guerra.
Essa compreensão é compartilhada pelo professor de História do colégio Poliedro, Tiago Salgado. Segundo o professor, no Enem, "é comum encontrarmos questões sobre nacionalismo, globalização e questões ambientais. Tais pontos não estão presentes apenas na Ucrânia e na Rússia, mas envolvem a relação entre os países e as formas de desenvolvimento das forças produtivas como um todo".
Nesse sentido, a doutoranda em Geografia Humana na USP e coordenadora de Geografia do Colégio Rio Branco, Fabiana Pegoraro, afirma que o tema pode ser cobrado nas redações dos processos seletivos, além de ser um forte candidato para as questões de História e Geografia, disciplinas que costumam cobrar temas de atualidades.
Segundo a coordenadora de Geografia, não é possível prever as perguntas que vão aparecer nas provas, já que “as questões de atualidades são muito dinâmicas, a gente não consegue definir, elas vão acontecendo no dia a dia”. Por isso, é importante manter-se atualizado e discutir o tema em sala de aula.
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Repertório para redação sobre a guerra entre a Rússia e Ucrânia
Ao desenvolver uma redação sobre a guerra na Ucrânia, é essencial incorporar um repertório diversificado que aborde múltiplas dimensões do conflito. Aqui estão alguns tópicos e repertórios relacionados que você pode considerar:
- Desintegração da União Soviética: A importância do colapso soviético em 1991, criando um vácuo de poder na Europa Oriental e moldando as relações pós-soviéticas.
- Expansão da OTAN: A política de expansão da OTAN para o leste europeu e como isso é percebido como uma ameaça pela Rússia.
- Revolução Ucraniana de 2014: As manifestações do Euromaidan e a subsequente queda do governo pró-Rússia, destacando o desejo da Ucrânia de se alinhar mais estreitamente com o Ocidente.
- Anexação da Crimeia pela Rússia em 2014: Um ponto de inflexão que intensificou as tensões regionais e internacionais, violando o direito internacional.
- Conflitos no Leste da Ucrânia: O surgimento e a escalada do conflito armado nas regiões de Donetsk e Luhansk, com a Rússia sendo acusada de apoiar os separatistas.
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Qual é o motivo da guerra entre a Rússia e a Ucrânia?
Existem diversos motivos que causaram a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Para o professor de História, Tiago Salgado, "o atual conflito envolvendo Ucrânia e Rússia faz parte de um contexto mais amplo que envolve a tentativa russa de reacomodação da ordem mundial iniciada após o fim da Guerra Fria".
Pensando nisso, a Revista Quero reuniu algumas das principais motivações da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Confira:
1. Expansão da OTAN
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi criada em 1949 como uma resposta dos países ocidentais ao avanço da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) no continente europeu. Nesse contexto, a organização funcionou como uma cortina de ferro, estabelecendo fronteiras para barrar a expansão do bloco socialista.
O colapso e a dissolução da URSS, em 1989, fez com que a OTAN passasse a cooptar países que eram integrantes do bloco socialista, como a República Tcheca, Hungria, Polônia, Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Eslováquia e Albânia.
Para o professor de História do curso pré-vestibular da Oficina do Estudante (Campinas-SP), Rodrigo Miranda, isso aconteceu porque a Rússia estava enfraquecida durante a década de 1990. "Enfraquecida tanto do ponto de vista econômico quanto militar, a Rússia assistiu, na década de 1990, ao avanço das relações capitalistas em seu território e a lenta consolidação de uma supremacia ocidental capitaneada pelos Estados Unidos".
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2. Ascenção do Putin
O atual presidente russo, Vladimir Putin, chegou ao poder em um contexto em que a Rússia tinha perdido protagonismo no cenário internacional e enfrentava diversos problemas internos.
Isso porque, além da URSS ter sido desmantelada e ter ex-membros na OTAN, o então presidente russo, Boris Yeltsin, enfrentava altos índices de impopularidade e acusações de corrupção. Nesse contexto, Vladimir Putin chega a presidência e inicia "um processo gradual de recuperação da capacidade militar da Rússia, ampliando investimentos em setores de produção e desenvolvimento bélicos", segundo o professor Rodrigo Miranda.
O fortalecimento bélico da Rússia foi economicamente possível devido aos altos índices de crescimento da China, o que aumentou o preço das commodities exportadas pelo país euroasiático.
"Assim como outros países, a Rússia foi bastante beneficiada com o aumento dos preços de vários bens primários que exportava, com acordos vantajosos para abastecer países europeus com seu gás natural, além da venda de minerais e petróleo para outros parceiros, entre os quais a China", explicou o professor de História, Rodrigo Miranda.
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3. Anexação da Crimeia
Oficialmente, o conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou em 2014, com a invasão e anexação da Crimeia – parte do território ucraniano – pela Rússia. Na época, o presidente russo, Vladimir Putin, alegou que a queda do então presidente ucraniano que era pró-Rússia, Viktor Ianukovytch, foi motivada por interesses ocidentais em prejudicar o país euroasiático.
Confira, a seguir, a análise do professor de História, Rodrigo Miranda:
"Dessa vez, o pretexto utilizado foi a queda do presidente Viktor Ianukovytch, político ucraniano aliado de Moscou. Pelo ponto de vista russo, os protestos que conduziram à queda de Ianukovytch, após este ter se recusado a confirmar a aproximação da Ucrânia com a União Europeia, teriam sido conduzidos sob forte influência ocidental com o intuito de isolar a Rússia. Alegando que a Crimeia fazia parte do império Russo no passado e que teria sido transferida à Ucrânia durante o período soviético, Putin incorpora a região após conduzir um plebiscito favorável à anexação, porém questionado pelas potências ocidentais".
Segundo o professor de História do colégio Poliedro, Tiago Salgado, deve-se entender a anexação da Crimeia como um ato imperialista por parte da Rússia, sendo também uma resposta do país a perda de protagonismo no cenário internacional.
"Putin, um líder nacionalista e que pensa em reconstruir o antigo império russo, anexa territórios que considera “naturalmente” russos, como a Criméia e a Ucrânia, reestabelecendo o protagonismo russo e “reequilibrando” a correlação de forças internacionais", avalia.
Ainda sobre a postura imperialista do país euroasiático, o professor Tiago Salgado afirma que deve-se analisar as suas ações dentro de um contexto em que potências ocidentais agem igualmente. "É importante destacar que se considerarmos a postura russa como uma manifestação imperialista, também devemos problematizar a postura imperialista da OTAN e dos EUA, que passaram a avançar em direção às antigas repúblicas soviéticas, o que é considerado pela Rússia como uma ameaça a sua segurança interna".
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Consequência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia
Assim como as motivações, as consequências entre a Rússia e a Ucrânia são diversas, além de serem também imprevisíveis. Ainda assim, é possível destacar alguns pontos de atenção, que podem ser cobrados no Enem e em outros vestibulares, segundo os professores entrevistados.
São desdobramentos que dizem respeito a temas relacionados ao conflito, como a globalização, a crise nuclear, a organização mundial pós-Guerra Fria, os impactos ambientais, entre outros.
De acordo com o professor de História do Colégio Poliedro, Tiago Salgado, "de alguma forma, os exames já cobram tais temas. Agora, não resta dúvida que o conflito na Ucrânia reacende antigos temores. Em particular, a questão nuclear".
Outro ponto destacado pelo professor Tiago Salgado é a crise de refugiados ucranianos. Até o final de março, a guerra resultou em quase 4 milhões de refugiados, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Desse modo, segundo o professor, deve-se contrapor a postura dos países europeus no contexto atual com a que tiveram durante a crise de refugiados sírios e palestinos.
"Penso que seria interessante retomar tal aspecto para comparar como os refugiados de guerra têm sido tratados, quer dizer, os refugiados sírios e palestinos recebem o mesmo tratamento, nos países ocidentais, que os ucranianos?", questiona o professor.
Além disso, o uso da desinformação, as chamadas fake news, como arma de guerra, tem chamado atenção de diversos especialistas ao redor do mundo. Para o professor Tiago Salgado, o fenômeno merece atenção dos estudantes.
"Existe uma novidade no conflito entre Ucrânia e Rússia que vale destacar: o uso da informação como ferramenta de guerra. Realmente, tal fato sempre existiu, no entanto, no atual contexto, o uso de redes sociais colocam o controle de informações em outro patamar, já que a propaganda de guerra atinge uma quantidade muito maior de pessoas", avalia o professor de História.
Confira, a seguir, a análise de professores de Geografia e de Atualidades sobre as possíveis consequência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e como o tema pode ser cobrado no Enem.
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1. Conflito nuclear
A Federação de Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês) estima que a Rússia tenha pouco menos de 6 mil ogivas nucleares. Número superior ao de todos os países da OTAN somados. Por ser uma potência nuclear, existe o receio de que o conflito resulte em lançamentos de bombas atômicas.
Segundo o professor de Atualidades do Poliedro, Alex Perrone, "o anúncio feito pelo presidente Putin, de que deixou em alerta todo seu arsenal nuclear, gerou temor em todo o mundo. Dada a potência atual das bombas atômicas, um conflito direto com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) causaria uma catástrofe".
Como uma guerra nuclear resultaria em uma catástrofe para todos os envolvidos, o professor de Geografia e Atualidades do colégio Oficina do Estudante (Campinas - SP), Luis Valle, analisa que as chances de uma guerra nuclear são baixas.
"As chances de uma guerra nuclear, todavia, permanece remota, uma vez que a destruição causada por um conflito direto provocaria a destruição dos territórios e recursos que as potências político-econômicas buscam conquistar e controlar", explica o professor.
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2. Guerra híbrida
O uso intensivo das redes sociais por parte da população, somado aos baixos custos de produção e à fácil disseminação do conteúdo nas plataformas, fazem com que exista uma espécie de "guerra híbrida", isto é, um conflito que se dá fora do campo físico de batalha: ele passa a ser travado também no universo simbólico da informação.
Isso acontece porque o controle da opinião pública em uma guerra é importante para que os países envolvidos tenham força interna para permanecer no conflito. Para o professor de Geografia e Atualidades, Luis Valle, "as técnicas de controle da opinião pública através do engajamento de usuários e usuárias nas redes sociais e o compartilhamento de versões parciais, muitas vezes tendenciosas e até mesmo distorcidas", são uma característica do conflito atual.
Ainda segundo Luis Valle, isso é possível porque o "sistema capitalista globalizado se mostra cada vez mais informacional, representado pela presença de grandes corporações privadas e agências governamentais, que colhem dados de centenas de milhões de internautas".
Assim, o uso intensivo e proposital de fake news fazem com que uma das consequências do conflito entre a Rússia e a Ucrânia seja a guerra informacional, em que ambos lados utilizam a comunicação de massa como arma de guerra, com o intuito de desmoralizar o oponente e fortalecer as próprias convicções.
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3. Revisão da matriz energética europeia
Outra consequência da guerra é a revisão da matriz energética europeia, pois os países do continente dependem do gás russo.
"Na busca por alternativas à produção de energia elétrica, busca-se não só reduzir a dependência de combustíveis fósseis que vêm da Rússia e que são altamente poluentes, mas, também, aprimorar outras tecnologias, teoricamente mais rentáveis e com menores impactos ambientais, como as matrizes eólica, solar e termonuclear", analisa o professor Luis Valle.
Já o professor de Atualidades do Poliedro, Alex Perrone, destaca alguns dos efeitos imediatos da guerra na matriz energética europeia. Confira:
Segundo declarações de representantes do Reino Unido, há o intuito de acompanhar os Estados Unidos no boicote, reduzindo suas importações de petróleo gradualmente até o fim de 2022.
Diferentemente dos EUA, a União Europeia propõe um plano de mais longo prazo para reduzir sua dependência dos combustíveis fósseis russos, com a expectativa de chegar à independência total até 2030.
No dia 25 de março, os EUA e a União Europeia anunciaram um acordo sobre fornecimento de gás natural liquefeito (GNL). A decisão prevê que os EUA forneçam à UE pelo menos 15 bilhões de metros cúbicos adicionais do combustível até o fim do ano.
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