Os meses de fevereiro, março e abril de 2023 foram marcados pela violência escolar, com casos em todo o país.
Em fevereiro, um ex-aluno atacou a escola em que estudava com uma bomba caseira, na cidade de Monte Mor (SP). No final de março, um aluno de 13 anos atacou uma escola de São Paulo (SP). Já no início de abril, uma creche em Blumenau (SC) também foi atacada, tendo quatro crianças mortas.
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Esses são só alguns exemplos que mostram a recorrência da violência escolar nos últimos meses. As estatísticas comprovam a gravidade da situação: no Brasil, o número de ataques em escolas apenas nos anos de 2022 e 2023 é maior do que o registrado nos 20 anos anteriores, de acordo com apuração da BBC News Brasil.
O professor de sociologia do Curso Anglo, Renê Araújo, explica que os atentados nas escolas não são um fenômeno comum na realidade brasileira. Araújo aponta que: “A ascensão de discursos extremistas, o maior acesso a armas e a normalização da violência como modo de resolução de conflitos passaram a produzir novas modalidades de ataques ao tecido social”.
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Outra pesquisa, realizada pela Organização Nova Escola, também ilustra como a violência tem sido frequente nas escolas. Após a associação entrar em contato com 5.300 professores, concluiu-se que 80% desses profissionais já foram vítimas de algum tipo de agressão.
“Trata-se de um problema profundo, complexo, de causas variadas e dependente do contexto no qual as instituições estão inseridas”, afirma a professora de redação do Oficina do Estudante de Campinas (SP), Danieli Ferreira.
Com o aumento nos casos de violência escolar, é importante que os estudantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e demais vestibulares fiquem por dentro da situação. Isso porque o assunto pode ser cobrado nas provas, como parte de atualidades ou de redação.
O que é a violência nas escolas?
A violência nas escolas é um fenômeno complexo que pode se manifestar de diversas formas, como bullying, agressões físicas e verbais, intimidações, discriminações, vandalismo, entre outros meios.
Esses tipos de violência podem acontecer entre alunos, entre alunos e professores, entre funcionários e alunos, ou entre pessoas de fora da escola e alunos.
Em outras palavras, violência nas escolas se refere a qualquer tipo de comportamento agressivo, físico ou verbal, que ocorre dentro do ambiente escolar e que pode afetar negativamente a segurança, o bem-estar e o desenvolvimento educacional dos alunos, professores e funcionários.
Quais são as causas da violência nas escolas?
Para falar sobre as causas da violência nas escolas é preciso entender o contexto da sociedade atual. O CEO da ICTS, empresa que atua no ramo de segurança, Fernando Fleider, comenta que esses casos não acontecem por acaso, mas sim por conta do aumento do discurso de ódio na sociedade.
Fleider ainda comenta como o fator “viralização” pode influenciar no problema, uma vez que “um caso pode levar a outro”. Isto é, para ele, a velocidade da propagação de posts nas redes sociais pode contribuir com o fenômeno.
O CEO da ICTS também atribui a violência escolar a polarização da sociedade. “A polarização que surgiu nas bases políticas está sendo importada para a vida cotidiana, chegando na camada mais ingênua da população, que são as crianças”, comenta o profissional.
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Qual a solução para violência nas escolas?
A sequência de casos de violência escolar nos primeiros meses de 2023 gerou medo e preocupação em diversos setores da sociedade, desde alunos e pais até diretores de escola e autoridades governamentais.
Assim, é necessário entender que não há uma solução simples para o problema, mas que existem modos melhores de lidar com a questão. Isso porque a violência nas escolas é uma temática complexa e multifacetada, que requer uma abordagem holística e colaborativa para prevenir e lidar com eficácia.
Segundo Fernando Fleider, é preciso falar sobre essa ‘nova situação de risco’. “Esta comunicação ajuda muito na administração de medos, que são, muitas vezes, fantasiosos. Ou seja, por não entender a ameaça, podemos pensar que ela pode acontecer a qualquer momento e com qualquer um, o que não é correto”, afirma o CEO.
Além disso, Fleider indica algumas soluções para a violência escolar:
Investir na educação, que promove a resolução de conflitos e frustrações de forma não violenta
Antecipar-se, pois isso permite às escolas e à comunidade entender quando estamos diante de um risco real;
Capacitar professores, alunos e funcionários da escola em momentos de crise.
A Agência Brasil também abordou o tema e trouxe uma lista de recomendações:
É importante preservar as crianças, mas não esconder, mentir ou fugir de temas como a violência nas escolas;
Crianças devem ser informadas que os adultos estão atentos à segurança delas;
Fundamental que o adulto mostre-se disponível para conversar;
Adultos não devem julgar os sentimentos dos pequenos (nem dos adolescentes);
Observar e se aproximar das crianças para identificar o que estão recebendo via redes sociais;
Importante não potencializar um evento;
Explicar que o medo faz parte da vida de todo ser humano e que as crianças são protegidas pelos adultos;
Pais e profissionais da educação devem estar mais próximos para garantir a serenidade diante do momento;
Adultos devem orientar adolescentes contra a satirização ou distorção dos eventos;
Crianças devem ser incentivadas a se expressar, mas não forçadas.
Por fim, vale destacar que existe um canal de denúncias sobre ameaças de ataques. O canal Escola Segura foi criado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com SaferNet Brasil. Trata-se de um meio de receber denúncias e analisá-las.
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Como a violência escolar pode cair nos vestibulares?
A professora de redação Danieli Ferreira acredita que o assunto de violência nas escolas tem muitas chances de aparecer no Enem e outros vestibulares. Ela comenta que nos últimos anos o Enem cobrou temas que estavam em evidência na mídia. A Fuvest, Unesp e Unicamp também seguiram o mesmo caminho.
O professor Renê Araújo compartilha da mesma opinião. Para ele, a violência escolar pode cair em exames de diversas formas. Danieli e Araújo comentaram algumas possibilidades, sendo elas:
A forma em que a violência nas escolas afeta professores e alunos;
O foco das escolas na recuperação da aprendizagem e não nos problemas socioemocionais no pós-pandemia;
A importância do acolhimento dos estudantes e do apoio psicológico a eles;
A falta de verba e de vontade política para contratar profissionais especializados em acolhimento nas escolas;
As formas de fazer a segurança no ambiente escolar;
A divulgação de notícias relacionadas a ataques em escolas;
A responsabilização civil e criminal das redes sociais que incitem violência e crime;
O uso da internet e das redes sociais;
A naturalização e a instrumentalização da violência na vida social;
A ascensão de ideias e grupos extremistas;
A disseminação de discursos de ódio e intolerância;
O esgarçamento das relações sociais;
O abandono e a vulnerabilidade dos estudantes e das escolas;
A questão da violências de gênero, racial, religiosa;
O aumento de grupos armamentistas.
Diante de tantos vieses, os estudantes devem separar um tempo da rotina para compreender esse tema. O conselho do professor Araújo é: “Acompanhar e analisar criticamente esse fenômeno, estabelecendo múltiplas relações com o contexto social, político, econômico com o qual nos encontramos”.
Para isso, Renê Araújo recomenda que os vestibulandos utilizem fontes acadêmicas e jornalísticas confiáveis. Ele também destaca que é preciso ter cuidado com as armadilhas do senso comum.
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