Aulas e treinamentos durante a semana, jogos e torneios aos sábados e domingos. Essa é a rotina de muitos estudantes que precisam conciliar a faculdade com atividades esportivas. "Fica um pouco corrido", diz Caio Meneghello, 19.
Mas esse esforço é feito por muitos universitários que usam o esporte para conseguir bolsas que diminuem o valor da mensalidade. Caio, aluno de Jornalismo e atleta de futsal da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, economiza cerca de R$ 500,00 por mês com o Bolsa Atleta, benefício oferecido aos estudantes que praticam esportes pela universidade.
"Pretendo jogar até o final da faculdade", afirma Caio. "E, quando me formar, pretendo continuar indo a jogos que ex-alunos podem participar. Jogar bola é um negócio que eu gosto, me distrai, me ajuda bastante."
O programa é voltado para estudantes de graduação para seguir a carreira escolhida, fora do esporte, mas possuem aptidão por alguma modalidade. São cerca de 400 bolsistas que, com o programa que existe no Mackenzie há 113 anos, possuem descontos entre 10% e 50% do preço mensal dos cursos.
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"O bolsista esportivo dá uma vida diferente à universidade", conta Susana Mesquita Barbosa, coordenadora de Extensão e Esportes do Mackenzie. "Queremos que os alunos valorizem o esporte, vivenciem o esporte, criem as irmandades necessárias, sociabilidade e liderança, e representem a universidade em bons momentos", explica a coordenadora.
Destaque do esporte universitário, a Atlética da Universidade Paulista (Unip) foi fundada em 1992. "De lá para cá, o volume de atividades foi crescendo muito", conta Roberto Toledo, diretor geral de Esportes da Unip. "A universidade começou a investir com bolsas e salários de técnicos desportivos para que o departamento tivesse uma estrutura melhor."
Anualmente, a Atlética da Unip concede 450 bolsas para atletas de cerca de 40 modalidades esportivas. Os descontos começam em 50% e, de acordo com critérios como nível técnico e participação, podem chegar a 100%.
Outra universidade que oferece bolsa integral aos atletas da instituição é o Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino (Unifae), que se inspira no modelo norte-americano para conciliar formações acadêmica e esportiva. O investimento da instituição no esporte ultrapassa os R$ 300 mil.
"A importância reside no desenvolvimento integral do atleta, tanto na parte atlética quanto na formação cognitiva e acadêmica, muitas vezes negligenciada", explica o coordenador do programa de esportes da Unifae, Guilherme Marson Junqueira.
Atletas buscam carreira esportiva aliadas à graduação
Citado por Guilherme, o modelo praticado nos Estados Unidos leva ao Ensino Superior atletas que se destacam em esportes e apresentam potencial para jogar profissionalmente. Eles recebem bolsas para atuar nos torneios universitários, que possuem investimentos de milhões de dólares a cada ano.
As principais ligas esportivas norte-americanas selecionam anualmente novos jogadores que saem das universidades e se tornam atletas profissionais. No Brasil, há também atletas que ingressam em uma faculdade para atuar em suas equipes esportivas e participar de competições nacionais e, até, internacionais.
Atletas de alto rendimento também fazem parte do quadro de alunos de universidades. Elas usam suas estruturas para dar o apoio necessário a esses esportistas evoluírem como atletas de alto rendimento.
Os projetos costumam contar com atletas de modalidades olímpicas que se preparam para vagas em olimpíadas e nos principais torneios esportivos do mundo. O Mackenzie conta com representantes na delegação brasileira nos Jogos Pan-Americanos de 2019, em Lima, no Peru.
"Atletas de alto rendimento que chegam ao Ensino Superior acabam tendo uma bolsa de esporte para que eles possam continuar desenvolvendo sua atividade como atleta, mas também que tenham no horizonte uma outra preparação", explica Rosana. "Isso é ótimo para os próprios alunos, que acabam conhecendo o que é um atleta de alto rendimento, entendendo como é a vida."
Outra universidade que acolhe e da suporte aos atletas é a Univeritas/Universidade Guarulhos (UnG). Lucila Silva, coordenadora do Departamento de Esportes, explica que "o projeto visa oferecer vagas aos atletas para que possam desenvolver seu talento e sua carreira esportiva, mas sem deixar de lado a vida profissional."
Parcerias para o crescimento
As universidades também veem no esporte a oportunidade de criar parcerias para colocar o nome da instituição em destaque no cenário esportivo nacional.
Desde 2007, a Universidade Paulista (Unip) forma vínculos com alguns dos principais clubes da cidade de São Paulo visando a exposição da marca. Desde então, equipes profissionais em esportes de alto-rendimento começaram a usar atletas universitários e estampar o nome da instituição em suas camisas nos principais torneios nacionais.
O resultado foi uma sala de troféus repleta de conquistas: título do Novo Basquete Brasil (NBB), em parceria com o Club Athletico Paulistano, da Liga Nacional de Fustal, junto ao Corinthians, e da Liga Nacional de Handebol, com o Esporte Clube Pinheiros.
"Essas parcerias contribuíram muito para a visibilidade da marca da Unip nos meios de comunicação com as inúmeras transmissões de TV", disse Roberto. "Também deixaram as equipes universitárias fortalecidas com o aumento do nível técnico", afirmou.
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Seleção de Atletas
Cada universidade possui seletivas que podem acontecer semestralmente ou anualmente. Os critérios variam de faculdade para faculdade. Em linhas gerais, as seleções são abertas a todos universitários. Avaliações esportivas e acadêmicas são os principais indicadores para que os estudantes recebem bolsas esportivas. A participação e o rendimento também são fatores que podem definir as porcentagens das bolsas.
