Você sabia que a Igreja Católica condenou o sistema Capitalista em seu início? Na época, durante a Baixa Idade Média, o sistema econômico era o Feudalismo, apoiado pelo Clero. Os burgos, pequenos centros comerciais, iam na contravam desse modelo.
Após algumas décadas, os burgos foram ganhando força e os "burgueses" se tornaram a elite com poder. Com o crescimento desse sistema, a cultura do acúmulo de capital foi difundida pela Europa, influenciando o seu desenvolvimento e urbanização.
"Esse modelo econômico é baseado na iniciativa e propriedade privada dos meus meios de produção, que visa a obtenção de lucros, geração e acumulação de riquezas. O sistema capitalista se desenvolve a partir da transição das economias mercantilistas para as economias industriais na Europa moderna", explica Igor Vieira, coordenador de História do colégio e curso pH.
Com o passar dos séculos, o Capitalismo conquistou todos os continentes é o sistema vigente na maioria dos países do mundo.
Quais são as características do Capitalismo?
A estrutura do Capitalismo é formada pelos burgueses, proprietários dos meios de produção, e pelos proletariados, trabalhadores assalariados que vendem a sua força de trabalho, desenvolvendo uma sociedade de classes.
Dentro dessa máquina, há algumas características que mantém o sistema em funcionamento, são elas:
- Defesa da propriedade privada: o Estado, muitas vezes por meio da Constituição, é o responsável por garantir que exista o direito à propriedade privada, inclusive dos meios de produção. Assim, os burgueses e os latifundiários, donos de terras, podem decidir como utilizarão as suas riquezas.
- Individualismo: preza pela a liberdade do invídiduo frente à sociedade.
- Lei da oferta e procura: essa lei prega que o valor da venda varia de acordo com o estoque produzido e a procura dos consumidores.
- Livre iniciativa: apoiando-se em um mercado livre, é esperado que o comércio se autorregule e que exista a livre concorrência entre os fornecedores, sem qualquer tipo de interferência do Estado.
- Busca pelo lucro: o acúmulo de riquezas é a máxima do capitalismo, sendo o objetivo lucrar por meio do trabalho do proletariado. Em muitos casos, como via para aumentar os ganhos, há a desvalorização da mão de obra e o aumento no valor dos produtos.
- Trabalho assalariado: os trabalhadores vendem a sua força de trabalho por um salário, permitindo com que eles invistam na própria economia, garantindo que a roda do Capitalismo continue girando.
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Quais são as fases do Capitalismo?
Em sua história, o Capitalismo já passou por três grandes fases:
Capitalismo Comercial
Também conhecido como Mercantilismo, esse período marca a transição entre o feudalismo para o Capitalismo, utilizando das trocas comerciais para garantir o aumento do capital. É nesse período que surgem as moedas e também a intervenção do Estado para controlar a economia.
Segundo o Manual do Enem, esse desenvolvimento do Capitalismo se deu "sob a luz das Grandes Navegações, da Expansão Ultramarina e do consequente processo de colonização dos continentes americano, asiático e africano."
Capitalismo Industrial
Essa fase do sistema surgiu com a primeira Revolução Industrial, na transição entre o século XVIII para o XIX, com a substituição da produção manufaturada para a industrializada. É nesse período da história que as máquinas começam a substituir o trabalho humano e ocorre a industrialização da Europa, processo que se expande para o resto do mundo.
Capitalismo Financeiro
Cunhado como Monopolista, essa etapa do capitalismo se baseia nas práticas especulativas, deixando de lado o foco na indústria, que foi a base da segunda fase.
Um grande exemplo de especulação financeira que impulsiona esse fase do modelo é o surgimento das ações de empresas que são negociadas como mercadoria. Apesar do comércio e da setor industrial ainda continuar a ter o seu papel na sociedade e gerar lucros, as instituições financeiras estão por trás manipulando o sistema.
Essa estrutura já passou por diversas crises econômicas sendo as dos anos de 1929, 2008 e 2020 as maiores.
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Para o professor Igor Vieira, ainda é importante lembrar de outros momentos da história desse sistema econômico, tais como, keynesianismo e neoliberaliberalismo.
Qual é a diferença entre Capitalismo e Socialismo?
Com o nascimento do Capitalismo, também surgiu uma contraposição, o Socialismo.
Esse modelo econômico busca socializar os meios de produção e acabar com as classes sociais. Além disso, o Socialismo Científico, baseado nas teorias de Karl Marx e Friedrich Engels, prega que o motor que move as pessoas é a garantia de felicidade, sem que nada falte à população, ao invés do acúmulo de riquezas.
"Os socialistas defendem que o sistema capitalista é injusto e provoca concentração de poderes e riquezas. Dessa forma, pretendem descontruir essa estrutura econômica", explica o professor e coordenador de História.
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Outra oposição ao Capitalismo é o Anarquismo. Nele, não haveria dominação ou hierarquia na sociedade, com a supressão do Estado e o fim do capitalismo.
Dicas de leituras e filmes sobre Capitalismo
Se você quer entender mais como funciona esse sistema econômico, o professor Igor fez uma lista com algumas indicações:
Livro: O que é economia? (Paul Singer)
O que é e para que serve a economia? Como decifrar os fenômenos da inflação e da deflação? O que é mercado e quais os seus limites? Estas questões e muitas outras que acabam afetando o dia-a-dia das pessoas comuns são tratadas neste livro com maestria e simplicidade
Livro: Capital e Ideologia (Thomas Piketty)
Em O capital no século XXI, Thomas Piketty inflamou o debate em todo o mundo sobre a distribuição de renda e a desigualdade, o que alçou a obra ao status de importante referência da área de economia e uma das mais influentes da atualidade. A partir de discussões fomentadas em palestras, congressos e artigos, Piketty percebeu que uma questão lançada em seu best-seller precisava ser aprofundada: a forma como a ideologia agiu para justificar e perpetrar a desigualdade em todas as sociedades ao longo dos últimos séculos.
Partindo de uma monumental pesquisa de dados coletados no Ocidente e também em nações pouco analisadas como a Tunísia, a Rússia, o Líbano e a China — e discutindo longamente o caso do Brasil —, o autor faz em Capital e ideologia um apanhado que remonta às sociedades pré-Revolução Francesa e chega aos dias de hoje, para mostrar como a economia não é produto da natureza: como construção histórica, é passível de ser mudada e até revolucionada.
Tido como uma continuação de O capital no século XXI, mesmo podendo ser lido como obra independente, Capital e ideologia está destinado a ocupar um lugar de destaque nas discussões políticas, econômicas e sociais do Brasil e do mundo graças à crítica contundente
Filme: Tempos Modernos (Charles Chaplin)
O icónico Vagabundo está empregado em uma fábrica, onde as máquinas inevitável e completamente o dominam e vários percalços o levam para a prisão. Entre suas passagens pela prisão, ele conhece e faz amizade com uma garota órfã. Ambos, juntos e separados, tentam lidar com as dificuldades da vida moderna, o Vagabundo trabalhando como garçom e, eventualmente, um artista.
Filme: Oliver Twist (Roman Polanski)
Oliver Twist é um órfão entre as centenas que sofrem com a fome e o trabalho escravo na Inglaterra vitoriana. Vendido para um coveiro, ele sofre com sua crueldade e acaba fugindo para Londres. Lá, ele é recolhido das ruas e levado a Fagin, um velho que comanda um exército de prostitutas e pequenos marginais. Um dia, Oliver conhece um bondoso homem em quem finalmente enxerga um possível pai, e Fagin teme que ele denuncie seu esquema.
Filme: Capitalismo – uma história de Amor (Michael Moore)
Michael Moore explora o colapso da economia mundial, apresentando uma análise de como o capitalismo corrompeu os ideais de liberdade previstos na Constituição dos Estados Unidos, visando gerar lucros cada vez maiores para um grupo seleto da sociedade.
Filme: Norma Rae (Martin Ritt)
Como muitos dos integrantes de sua família antes dela, Norma Rae trabalha numa fábrica têxtil local por um salário que não condiz com as longas horas e as péssimas condições de trabalho. Depois de ouvir um discurso de um defensor dos direitos trabalhistas, a jovem é inspirada a convencer seus colegas de trabalho a lutar pela criação de um sindicato.
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