O MODELO EDUCACIONAL DA FINLÂNDIA
Localizada ao norte da Europa, a Finlândia é uma república parlamentar relativamente jovem (teve sua independência declarada em 1917), com uma população de pouco mais de cinco milhões de habitantes. A educação no país é um modelo a ser seguido e segundo a diretora de relações internacionais do Ministério da Educação e Cultura, Jaana Palojärvi, é possível revolucionar o ensino de um país em algumas décadas. Afinal, é isto que a Finlândia fez e continua fazendo desde 1970.
O modelo finlandês de educação ainda não pode ser aplicado aqui no Brasil. As diferenças não são apenas dentro dos muros das escolas, mas atingem esferas culturais mais complexas. Muitas questões, como as horas em salas de aulas ou o poder dado aos professores, dividem a opinião de especialistas brasileiros. Mas nenhum educador ou agente público pode se dar ao luxo de ignorar o que um sistema de excelência faz. E os resultados podem ser medidos em números: segundo dados de um levantamento feito pelo instituto Legatum, 94% dos finlandeses concluem o ensino secundário e ingressam no ensino superior.
As crianças passam os seis primeiros anos letivos com o mesmo professor
É uma forma de fazê-los se sentir em um local familiar, como que uma segunda casa. Os professores dividem a responsabilidade da educação com os pais, que são também frequentadores habituais do ambiente escolar, por vontade própria.
As escolas na Finlândia oferecem a todos um ensino de qualidade e gratuito
Por lá, apenas 2% das instituições de ensino são particulares, e mesmo estas recebem subsídios do governo. É um princípio de igualdade que equaliza oportunidades. E há ainda a atenção especial àqueles alunos que não conseguem atingir os objetivos tão facilmente. Se no Brasil reforço é visto como coisa de aluno preguiçoso ou atrasado em relação à turma, na Finlândia a ajuda extraclasse é uma prática comum.
A educação fica ao encargo do município e, mais do que isso, do professor
É ele, após muito treinamento, que decide como passar o conteúdo. Cada escola é livre para criar seu próprio material didático.
O foco da educação não está no método de transmissão de conteúdos do professor para o aluno, mas sim no modo de estímulo à descoberta, no incentivo que os alunos recebem para realizarem suas próprias experimentações e, além disso, fomenta-se a criação de novos meios para chegar à conclusão ideal. Existem crianças mais visuais, outras aprendem melhor com música, outras têm mais facilidade com artes para atingir um conceito. A ênfase não é tanto em conteúdo, mas sim, em análise e apoio a diferentes métodos de raciocínio.
Na Finlândia, ele é bem preparado, precisa ser graduado e ter um mestrado. Passa ainda por treinamento específico para dar aulas e tem plano de carreira. Assim, faz sentido que ele tenha a palavra final dentro da sala de aula.
Para o governo finlandês, isso faz toda a diferença, já que estimula o professor a inovar e torna a profissão mais inspiradora. A valorização dá-se não somente nos salários compatíveis com os de outras profissões (recebem como médicos, advogados, engenheiros e etc), mas principalmente no respeito e prestígio que recebem da sociedade.
Os professores que conseguem melhores resultados de seus alunos não são bonificados por isso. Aliás, essa bonificação lhes parece um insulto. Mais uma diferença gritante do modelo brasileiro.
Será que um dia o Brasil chega lá?
FONTES: Revista Educação, Exame, SmithsonianMag e Ministério das Relações Exteriores da Finlândia .