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Profissões

Concurso público CACD: qual o melhor curso superior para quem quer seguir carreira de diplomata?

por Clipping CACD em 14/06/17 16 mil visualizações

O Diário Oficial publicou em junho o edital do Concurso Diplomata 2017. O concurso público seleciona candidatos para admissão à Carreira de Diplomata 2017 (CACD) do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Os aprovados para as 30 vagas imediatas para terceiros-secretários do MRE entrarão com um salário inicial de R$ 16,9 mil. As inscrições vão até 10 de julho de 2017 no site do Cespe e a taxa é de R$ 225,00.

Mas, além de estudar muito para a prova do concurso, os candidatos ainda precisam ter outras qualificações. Por isso, convidamos especialistas no assunto para contar quais são as graduações mais indicadas para quem quer seguir a carreira diplomática.

Quero ser diplomata, que curso superior é o certo para mim?

Em grande parte dos casos, a escolha do curso superior é uma decorrência natural da escolha por uma determinada carreira. Por exemplo, se sua vocação é a magistratura, é natural que você opte por um curso de graduação em Direito, certo? Mas como fica o caso de quem quer ser diplomata?

Muitas vezes alguém sabe que quer ser diplomata e sabe que para o ingresso na carreira diplomática é exigido um curso superior, mas não sabe exatamente que curso superior escolher. É sobre esse dilema que o Clipping CACD fala aqui hoje para os leitores da Revista Quero.

Como nem todo leitor do conteúdo da Revista Quero é familiarizado com o universo do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (carinhosamente apelidado CACD), o Clipping decidiu começar pelo básico do básico. Por isso, dividimos este artigo em 5 partes:

  1. O que faz um diplomata?
  2. Quais são os atrativos da carreira diplomática?
  3. Que curso superior vale para o ingresso na carreira de diplomata?
  4. Que curso superior normalmente é escolhido pela maioria dos diplomatas?
  5. Existe um curso superior mais adequado para quem quer ser diplomata?

Vamos passo a passo a cada uma dessas questões…

blog.clippingcacd.com.br

O que faz um diplomata?

Não teria como o Clipping começar um post sobre aqui na Revista Quero sobre a carreira diplomática sem falar, em linhas gerais, sobre o que faz um diplomata. Embora não  seja o foco do post ficar em definições teóricas, não há como não definir o diplomata: ele é o agente político encarregado de implementar as diretrizes da política externa por meio de 3 funções:

a) representar o Estado brasileiro junto à comunidade internacional;
b) negociar tratados e acordos que defendam os interesses brasileiros;c) informar o governo brasileiro sobre os temas de interesse brasileiro no mundo.

A forma como essas funções serão exercidas varia muito em função do setor em que cada diplomata atua. Cada diplomata pode atuar não só em países como, também, em áreas completamente distintas. No entanto, a porta de entrada para a carreira diplomática no Brasil é a mesma para todos: o C.A.C.D. – o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata.

É a aprovação no CACD, concurso realizado anualmente desde 1946, que franqueia acesso ao primeiro degrau na intrincada hierarquia da carreira: o cargo de terceiro-secretário, com salário inicial de mais de 16 mil reais.  

As funções tradicionais do diplomata que vimos no começo do texto (negociar, informar, representar) estão associadas mais diretamente ao trabalho diplomático feito junto às Embaixadas, e esse acaba sendo o lado mais conhecido da carreira. No entanto, o trabalho de natureza consular é o que impacta de forma mais direta o dia a dia dos milhares de brasileiros que vivem fora do país.

O diplomata brasileiro atuando na frente consular é, de certa forma, “responsável” pelos cidadãos brasileiros no exterior. Em caso de algum desastre, uma tragédia, um atentado terrorista, por exemplo, o trabalho do diplomata é fundamental para monitorar e reportar sobre qualquer envolvimento de brasileiros nesses acontecimentos.

Antes de passar a falar um pouco dos atrativos e das motivações que levam aspirantes a sonhar com uma vaga no Itamaraty, fica a ressalva de que as possibilidades de atuação vão muito além da atuação em Embaixadas e Consulados e isso mereceria, sem dúvidas, um artigo à parte…

Quais são os atrativos da carreira diplomática?

Existe muita desinformação sobre a realidade da carreira diplomática no Brasil. Como resultado, boa parte dos aspirantes à carreira têm uma visão bastante distorcida do que é a rotina no Itamaraty e buscam a carreira diplomática com motivações e expectativas completamente desalinhadas sobre o que significa realmente ser um diplomata.

Todo aspirante à diplomacia tem não só o direito mas o dever de conhecer a vida no Itamaraty como ela é. Esse trabalho prévio de pesquisa sobre a carreira deve ser feito antes mesmo de se investir tempo e dinheiro na preparação para o CACD.


Embora a visão mais difundida da carreira diplomática seja aquela do diplomata "Ferrero Rocher" em meio a celebridades e suntuosas festas, a realidade e o dia a dia do diplomata é bem diferente. A vida no exterior ou mesmo nas repartições do Itamaraty em Brasília ou nas diversas capitais (onde também o diplomata pode trabalhar) orbita muito mais em torno de rotinas burocráticas do que de glamour de jantares e banquetes.

Ainda assim, vale a pena aqui destacar que em função da diversidade de atuação possível, a carreira diplomática tem essa peculiaridade de atrair jovens com os mais diversos perfis. Ao contrário dos concursos jurídicos, que normalmente atraem um perfil muito específico de candidatos, a carreira diplomática é ecumênica o bastante, a ponto de atrair tanto candidatos com distintos backgrounds e interesses.

A possibilidade de atuação nos bastidores do processo de tomadas de decisão da Presidência, sobretudo em matérias referentes à política externa, por exemplo, representa, mais do que o salário inicial de R$ 16 mil, um atrativo para jovens com predileção para temas referentes à política, economia e questões sociais.


No entanto, nem só de política é feita a carreira diplomática. A proximidade que a carreira diplomática viabiliza com universo das artes, da literatura, da música, sobretudo na vertente da diplomacia cultural, é um atrativo para quem manifesta aptidão artística e interesse genuíno em questões culturais.

Feita essa breve introdução sobre a carreira e suas possibilidades, olhemos de perto a questão da formação exigida e perfil dos aprovados, sobretudo com relação à graduação escolhida.

Que curso superior vale para o ingresso na carreira de diplomata?

Todos. Em primeiro lugar, um dado básico sobre o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) que já não deve ser novidade para ninguém é que é, sim, exigido um curso superior para ingresso na carreira de diplomata. O CACD é um concurso público e como boa parte parte dos concursos públicos mais visados do país um dos requisitos para ingresso no cargo é:

apresentar diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso de graduação de nível superior, emitido por instituição de ensino credenciada pelo Ministério da Educação (MEC).

Ah Clipping, tenho diploma de tecnólogo e quero ingressar na carreira diplomática, serve?

Então, os Editais para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) não dispõem expressamente sobre a questão dos Cursos Superiores de Tecnologia (formação de tecnólogo).

Sobre essa questão, o site do Instituto Rio Branco, instituição responsável pela elaboração do CACD, limita-se a dizer que: "o candidato deve estar atento ao que especifica o edital do concurso e ver se seu diploma se enquadra nos requisitos ali descritos. O candidato poderá também consultar a área do Ministério da Educação responsável por essa avaliação".  

De forma bem sutil, o que o Itamaraty faz sobre essa questão é "passar a bola para o MEC", que, por sua vez, estabelece na Resolução CNE/CP nº 3, que a formação de tecnólogo é, sim, uma formação superior, para todos efeitos.

Que curso superior é tradicionalmente escolhido entre os aprovados no concurso?

Se, com vimos acima, qualquer curso superior vale para ingresso na carreira de diplomata, que tipo de curso superior entre as centenas disponíveis deve o candidato a diplomata escolher?

Antes de entramos nesse tema para lá de espinhoso, vale lembrar a afirmação do Ministério das Relações Exteriores (MRE) de que "levantamentos em concursos recentes revelam uma maior concentração de candidatos aprovados com formação na área das Humanidades".

De fato, historicamente a área das Ciências Humanas é uma das mais afetas ao métier diplomático e, por consequência, essa área é uma das primeiras opções cogitadas pelos aspirantes à carreira diplomática. Vejamos:


blog.clippingcacd.com.br

Se por um lado é verdade que a tendência constatada nos últimos anos é a progressiva diversificação da formação acadêmica dos diplomatas brasileiros, é ainda forte a concentração nos cursos de Direito e Relações Internacionais  em específico, e na área de Ciências Humanas, em geral, nos últimos 3 concursos.

Mas isso quer dizer que sai na frente por uma vaga no Itamaraty quem cursou Direito ou Relações Internacionais ou qualquer outro curso da área de Humanas?

Vamos com calma… É o que vemos em seguida >

Que curso superior é mais indicado para quem quer seguir a carreira diplomática?

Uma ideia comum a muitos iniciados no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) é a de que optando por exemplo, por um curso de Direito, Relações Internacionais, Economia ou qualquer outro da área de Humanas, ele estaria, ao final da graduação, mais familiarizado  com certos temas exigidos pelo Edital do concurso.



O que cai no CACD?

O CACD é composto por 3 fases. A primeira fase é constituída de uma prova de múltipla escolha de: Português; Inglês; História do Brasil; História Mundial; Política Internacional; Geografia; Economia e Direito. A segunda fase consiste em uma prova de Redação em Língua Portuguesa. A terceira fase é uma bateria de provas escritas das disciplinas cobradas na primeira fase (com exceção de História Mundial) seguida por provas objetivas de Francês e Espanhol.



A esperança de muitos candidatos à carreira diplomática é que, tendo optado por algum curso diretamente relacionado às disciplinas cobradas na prova, eles sairiam na frente na batalha por uma disputadíssima vaga no Itamaraty.


Cortar caminho por ter escolhido este ou aquele curso é algo que não existe na prática. Pelo menos não como a maioria dos candidatos pensa… Mas afinal, escolher Direito ou Relações Internacionais ou algum outro curso da área de Humanas ajuda realmente o candidato no concurso da diplomacia?

Nem tanto…

A verdade é que ao final de 4 anos ou 5 anos na faculdade de Direito, digamos, apenas uma pequena parte desse longo percurso é aproveitado para fins de estudo para o CACD.

Embora algumas noções adquiridas em disciplinas que fazem parte da grade curricular dos cursos de Direito tenham alguma valia para a prova, pode-se afirmar que cerca de 90% do conteúdo lecionado ao longo da graduação em Direito, Relações Internacionais ou qualquer outra disciplina não têm, de fato, relevância prática para a prova do CACD.


Sad but true. O que se vê em um curso de graduação de Direito ou de Relações Internacionais ou qualquer outro ajuda apenas incidentalmente nos estudos para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD).

A questão é que um candidato que nunca antes tenha tido contato com o Direito ou Relações Internacionais ou qualquer outra disciplina consegue perfeitamente, em alguns meses de estudo específico para o CACD, interiorizar e digerir o que realmente é cobrado no Edital com praticamente a mesma desenvoltura de quem fez 4 anos de curso superior de Direito. Dessa forma, não há que se falar um candidato tem uma vantagem comparativa por ter optado por uma determinada graduação.

Long story short: não se justifica colocar a escolha do curso de graduação que você cursará por 4 ou 5 anos em função do Edital do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD).

Então o Clipping está dizendo que 90% do que eu vou estudar na faculdade não terá qualquer utilidade na minha futura carreira diplomática?

Não é isso. O que o Clipping está dizendo é que escolher um curso superior para tentar sair na frente no Edital não é uma escolha pragmática, pois não dá uma real vantagem comparativa em relação aos demais concorrentes.

Conclusões

Neste artigo, a mensagem principal é a de que não é recomendável ao aspirante à carreira diplomática escolher este ou aquele curso em função do CACD. A escolha pelo curso de graduação é uma escolha tão delicada quanto a escolha por uma carreira, seja ela a carreira diplomática ou qualquer outra.

O cálculo estratégico do aspirante à carreira diplomática que está escolhendo um curso superior deve ser composto por uma série de variáveis. É importante pensar, repensar e tripensar interesses e aptidões, tendências de mercado, expectativas salariais e mesmo a complicada questão do financiamento sustentável dos estudos ao longo de anos, etc.

Em termos de escolha de um curso superior, tanto conteúdo produzido pelo Revista Quero quanto a estruturação e centralização de bolsas e informações específicas sobre os cursos superiores do Quero Bolsa podem te ajudar mais do que o Clipping CACD em si. Um interessante ponto de partida é este passo a passo sobre como avaliar seu perfil profissional, por exemplo.

Ficam aqui alguns links obrigatórios como ponto de partida para quem está em processo de escolha de um curso superior:

    • Quero Bolsa: Além da vantagem óbvia de agregar milhares de bolsas em instituições de ensino privado, o Quero Bolsa tem cada vez mais se apresentado como uma opção para otimizar a comparação de informações sobre cursos e instituições como notas de corte no Sisu, Prouni e Fies, avaliação do MEC, etc. Destaque para a seção de Carreiras da Revista QB.
    • Guia do Estudante: Um clássico que há anos reúne informações compiladas sobre carreiras, o site do Guia merece uma visita com certeza. O conteúdo é bastante variado e atualizado periodicamente. Destaque fica para a seção orientação profissional.

Ficam aqui alguns links obrigatórios como um ponto de partida para quem quer entender um pouco mais sobre a carreira diplomática e o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata  (CACD):

    • Site do Itamaraty: Passagem obrigatória por todo interessado na carreira diplomática, o site do Itamaraty reúne um robusto FAQ sobre a carreira e informações gerais sobre a política externa brasileira.
    • Site da Funag: A Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) é o braço editorial do Ministério das Relações Exteriores e nele você encontra uma série de obras para download gratuito. Uma boa sugestão para iniciantes que desejam começar a explorar os temas referentes a diplomacia e a política internacional é a Coleção Em Poucas Palavras.

Então, o aspirante à carreira diplomática deve primeiro terminar sua gradução para só então depois começar a se preocupar com a preparação para o CACD? Diplomata pode ter tatuagem? Diplomata pode ser casado com estrangeiro? Calma que tem muito ainda para se falar, mas…


Tudo isso já é assunto para um outro post… Até lá! <3

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