A carreira de professor é tida uma das mais importantes em uma sociedade, já que cabe a ela formar os demais profissionais de todas as áreas de conhecimento, além das crianças e dos adolescentes, que estão na fase escolar. De acordo com o Censo Escolar 2020, existem mais de 2,2 milhões de professores atuando na educação básica no Brasil, sendo mais de 81% graduados com licenciatura e outros 3,5% com bacharel.
Essa melhora no índice faz parte do planejamento instituído pelo Plano Nacional de Educação, (PNE, 2014-2024), que estabeleceu uma série de metas a serem alcançadas na área de Educação em uma década. O PNE contém metas que vão desde a formação do currículo do professor até a valorização da categoria, passando por todos os níveis de ensino, pela gestão escolar e pelo financiamento da educação.
De acordo com os relatórios do Censo Escolar, o porcentual de profissionais com formação adequada vem crescendo a cada ano. Para se ter uma ideia, em 2020, quase 86% dos professores da educação básica tinham graduação completa, um aumento de mais de 10% em relação a 2015, quando 75% dos docentes do nível básico tinham ensino superior completo.
O que faz um professor
Em resumo, o professor é o profissional responsável por ensinar outras pessoas, sejam elas crianças, adolescentes ou adultos. Só que mais do que ensinar determinado conteúdo ou técnica, cabe ao professor formar pessoas e cidadãos.
Por isso, esse profissional precisa ter repertório técnico, cultural e social adequado para a função. Até porque, atualmente, as instituições de ensino visam formar os alunos em diversas dimensões, como a intelectual, a emocional e a social.
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No dia a dia, essas são as principais atividades de um professor:
Planejar e lecionar aulas;
Elaborar e corrigir provas, trabalhos e exercícios;
Participar de reuniões de pais e de Conselho Escolar ou Conselho de Ensino;
Preparar atividades pedagógicas;
Incentivar a integração entre os alunos.
O cotidiano de uma sala de aula envolve dimensões que vão além do conteúdo ensinado. Então, para saber quais são as outras funções de um professor, conversamos com a Beatriz Graña, professora de História, Geografia e Orientação Educacional, no Ensino Fundamental, e de Literatura, no Ensino Médio, em uma escola particular na cidade de Caçapava, interior de São Paulo.
Segundo Beatriz, “na sala de aula, o professor vai muito além de passar conteúdo. Ele tem outras funções, como trabalhar o senso de equipe na turma e ajudar o aluno a lidar com o próprio sentimento, fornecendo ferramentas e materiais para que ele possa lidar com a raiva, com o estresse”.
Sobre a rotina na sala de aula, Beatriz conta que ela é dinâmica e animada, “adoro quando eu dou uma aula e troco de sala, aí dou outra aula, e troco de sala. Porque são novos alunos, novos conteúdos. Essa é uma dinâmica muito bacana”. E, claro, existe também a rotina de trabalho fora da sala de aula.
“Tudo tem que ser preparado antes da aula, por mais que você já conheça o material, a matéria, a turma, é interessante rever, nem que seja algo rápido, de alguns minutos. É importante planejar os conteúdos que serão trabalhados no caderno, na lousa ou no computador”, explica.
Como atua o professor
O professor, em geral, é um profissional que leva serviço para casa. Isso porque o seu trabalho exige dedicação fora da sala de aula ou do ambiente escolar, principalmente se ele exercer a função em mais de um colégio ou se der aula para várias turmas em um mesmo colégio.
Na atualidade, a adaptação às chamadas TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) é um dos desafios mais importantes da carreira docente. Isso porque a pandemia da covid-19 forçou o ensino regular – que foi pensado para ser presencial – se tornar à distância, fazendo os equipamentos tecnológicos indispensáveis para o ensino e aprendizado.
Em relação à tecnologia, o Censo Escolar de 2020 mostrou que, na educação infantil, 85% das escolas particulares possuem acesso à internet banda larga, contra 52% das escolas públicas do mesmo nível de ensino.
Onde o professor pode trabalhar
Os professores costumam trabalhar em instituições de ensino, como:
escolas;
centros de idiomas;
cursinhos preparatórios para vestibular ou concurso;
escolas de cursos livres ou profissionalizantes.
Alguns profissionais, porém, trabalham em empresas que não têm o ensino como atividade fim, ou seja, não são instituições de ensino. Esses casos acontecem quando uma empresa ou mesmo uma ONG quer ensinar ou profissionalizar um grupo de funcionários ou de beneficiados. Existem também os professores particulares, que são autônomos.
Beatriz, que atualmente trabalha em uma escola regular do ensino básico, contou que já teve outras experiências profissionais, como a de ser contratada por uma empresa para dar aulas de português para refugiados haitianos que estavam em processo de treinamento.
“É muito comum a gente pensar em emprego para professor como uma vaga em escola regular, mas em cidades grandes, como São Paulo, há mais possibilidades de trabalho, tem muita empresa que te contrata para dar aula para alguma equipe, para alguns funcionários. Trabalhei em uma empresa como professora de português para estrangeiros, neste caso, os alunos eram haitianos refugiados”, conta.
Como se transformar em professor
No Brasil, há três modos de se tornar professor do ensino básico, são eles: curso superior de Licenciatura, curso superior de Pedagogia e Magistério. Conheça mais sobre cada um:
1. Licenciatura
A licenciatura permite ao profissional lecionar na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. É a formação de mais de 80% dos professores da educação básica, de acordo com o Censo Escolar de 2020.
Os cursos de licenciatura abrangem todas as áreas do conhecimento, tendo graduação em Letras, Matemática, História, Biologia, entre outros.
2. Pedagogia
Os pedagogos podem dar aulas até o 5º ano do Fundamental, além de poderem atuar na gestão escolar. O curso de pedagogia costuma ser voltado para o desenvolvimento infantil, por isso, os profissionais dessa área são os únicos que podem lecionar na Educação Infantil.
3. Magistério
O Magistério é um nível de ensino equivalente ao nível médio da educação básica atual. Ele permite ao profissional dar aulas na Educação Infantil. O curso de Magistério foi substituído, em 1996, pelos cursos de Licenciatura e Pedagogia.
Além disso, o Plano Nacional de Educação (PNE), estabelecido em 2014, determinou que todos os professores da educação básica devem ter ensino superior completo até 2024. Por isso, o Magistério deixou de ser aceito em concurso público desde 2020.
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Quanto ganha um professor de escola
Um estudo feito pelo Inep, entre 2014 e 2017, calculou a média salarial de professores de diferentes redes de ensino: pública ou privada, da esfera municipal, estadual ou federal. A pesquisa considerou uma jornada de 40 horas semanais.
O levantamento realizado pelo Inep constatou que há uma disparidade salarial entre os professores. Essa diferença varia de acordo com a escolaridade do profissional – se possui ou não ensino superior completo – e de acordo com a rede de ensino.
Os dados mostram que um professor graduado que dá aula em uma escola federal ganha R $11.240,00, em média. Enquanto um professor sem graduação e que leciona na rede privada ganha em torno de R $2.176,00.
Confira os valores:
Média de remuneração mensal dos professores de educação básica com nível superior completo - valores de 2017
Rede de ensino |
Remuneração média |
Carga horária semanal média |
Federal |
11.240,73 |
39,5 |
Estadual |
4.425,00 |
29,6 |
Municipal |
4.375,29 |
30,0 |
Privada |
3.779,42 |
28,9 |
Fonte: RAIS/ME e Censo da Educação Básica/Inesp/MEC
Média de remuneração mensal dos professores de educação básica sem nível superior completo - valores de 2017
Rede de ensino |
Remuneração média |
Carga horária semanal |
Federal |
9.758,23 |
39 |
Estadual |
2.727,06 |
31,6 |
Municipal |
2.954,08 |
31,8 |
Privada |
2.176,98 |
32,7 |
Fonte: RAIS/ME e Censo da Educação Básica/Inesp/MEC
É importante considerar que, de acordo com o Censo Escolar 2020, entre as mais de 179 mil escolas existentes no Brasil, a rede municipal é a mais representativa, com 48,4% das matrículas na educação básica. A rede estadual conta com 32,1%, sendo a segunda maior, seguida pela rede privada, com 18,6%, e a federal, que contém menos de 1% das matrículas efetuadas.