Muitos pais ainda confundem a disciplina positiva com permissividade e falta de limites, isso porque a cultura do autoritarismo e de ideias como, “Ah, umas palmadas não fazem mal a ninguém!", permanecem presentes em nossa sociedade.
Criada na década de 80, essa abordagem de educação não violenta traz um novo olhar sobre como educar os filhos, através de técnicas que misturam gentileza, firmeza, autonomia e afeto.
No post de hoje, vamos explicar o que é a disciplina positiva, como implementá-la no dia-a-dia e como ela pode na formação de adultos mais saudáveis. Confira!
O que é disciplina positiva?
Inspirada pelos pensamentos dos psicólogos Rudolf Dreikurs e Alfred Adler, Jane Nelsen deu origem a disciplina positiva, programa que consiste em criar relações harmoniosas através da empatia, do afeto e da firmeza.
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Ao contrário do que se pensa, a disciplina positiva não tem nada a ver com permissividade, falta de limites ou com mimar os filhos. Pelo contrário, através deste modelo, as famílias ajudam a criar adultos mais colaborativos, responsáveis, empáticos, amorosos e seguros de si.
Como educar com disciplina positiva?
Educar através da disciplina positiva é uma missão que exige dedicação, qualidade de presença e compreensão. Ao adotar essa linha, os pais devem abrir mão da cultura autoritária que envolve posturas punitivas como castigos, palmadas, gritos e o conhecido “cantinho do pensamento”.
Práticas de recompensas - muito utilizadas para que a criança mude de comportamento - também ficam de fora na disciplina positiva. O segredo é encontrar o equilíbrio entre o autoritarismo e a permissividade, criando um espaço colaborativo em que todos os envolvidos sejam respeitados.
Para atingir tal feito, as mães e os pais devem utilizar os cinco pilares da disciplina positiva, são eles:
Respeito mútuo
O respeito mútuo parte do princípio de ser firme e gentil ao mesmo tempo. Ao ser amável com a criança e colocar-se no lugar dela, você a reconhece como um indivíduo único e importante, acolhendo-a; ao ser firme, você impõe autoridade sem ser autoritário. Essa combinação ajudará a criar uma relação baseada no respeito, em que todos se sentem seguros para ser quem são.
Forte conexão (importância e pertencimento)
Toda pessoa tem, por natureza, um desejo de se sentir aceito e importante dentro do contexto social onde vive. Ao trazer os seus filhos para perto, escutando-os com atenção e incluindo-os em decisões diárias como estabelecer uma rotina de horário de almoço, estudos e brincadeira, você faz com que eles se sintam parte do ambiente familiar. Essa atitude ajudará a criar um senso de responsabilidade, além de estreitar os laços afetivos entre pais, filhos e irmãos.
Eficaz a longo prazo
Muitos familiares utilizam o castigo e a punição a fim de corrigir comportamentos, porém, essa atitude tende a funcionar apenas de maneira pontual, criando sentimentos negativos como medo, insegurança e raiva. A disciplina positiva, por outro lado, permite aos pais e as crianças acompanharem o que foi previamente combinado entre ambas as partes, fazendo com que a criança reflita sobre os reais motivos por trás do seu comportamento. Isso trará efeitos a longo prazo, ensinando a criança a importância do autoconhecimento e do autocontrole.
Desenvolvimento de habilidades socioemocionais
Um dos principais benefícios de educar os filhos através de uma comunicação não-violenta, baseada no autocuidado, no respeito, na gentileza, na empatia e na responsabilidade, é o desenvolvimento de habilidades socioemocionais essenciais para que eles sejam bem-sucedidos. Em outras palavras, para que se tornem cidadãos felizes, colaborativos e que pensem no bem da comunidade em que estão inseridos.
O ser humano tem a tendência a repetir comportamentos e hábitos que lhes são ensinados. Sendo assim, uma criança que cresceu em um ambiente hostil, baseado em recompensas e castigos, muito provavelmente repetirá esses padrões em suas relações. Por isso, na hora de educar o seu filho, pense bem sobre o adulto que você quer formar para o mundo.
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Convida a criança a desenvolver suas capacidades pessoais
Educar pela disciplina positiva é uma forma de estimular a criança a descobrir suas habilidades e seus limites, praticando o autoconhecimento. Nessa abordagem, o erro não é visto como algo negativo, sujeito a julgamentos e punições, mas sim como uma oportunidade de aprendizado, desenvolvendo a autoconfiança, a autoestima e a autonomia.
Como a disciplina positiva incentiva no desempenho escolar?
Quando a disciplina positiva é aplicada corretamente dentro de casa, os efeitos se estendem também para a escola. Crianças que crescem em um ambiente saudável e encorajador aprendem melhor e mais rápido. Por não sofrerem represálias por seus erros e pensamentos, elas tendem a participar mais das aulas, sem sentir vergonha ou medo de questionar o professor.
Além de obter um melhor desempenho escolar, crianças que possuem uma maior compreensão de disciplina, da importância do diálogo e da empatia, têm mais facilidade em construir relações e conviver em harmonia.
Entretanto, é fundamental que a escola e os seus funcionários também façam uso da comunicação não violenta, dando continuidade à educação recebida em casa e fazendo com que a criança sinta-se segura em todos ambientes que frequenta.
Apesar do conceito existir há 40 anos, a disciplina positiva vem ganhando cada vez mais força na sociedade. Inclusive, a Associação Brasileira de Disciplina Positiva (PDA Brasil), oferece workshops para professores, familiares e profissionais de saúde a fim de orientá-los sobre como implementar essa abordagem educacional com seus alunos, filhos e pacientes.