Sete em cada dez estudantes de universidades federais possuem renda mensal familiar per capita de até 1,5 salário mínimo, ou seja, R$ 1.431. É o que mostra a 5ª Pesquisa do Perfil Socioeconômico dos Estudantes das Universidades Federais, divulgada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Os números, referentes a 2018, mostram que 70,2% dos alunos das universidades federais tem renda mensal familiar per capita de até 1,5 salário mínimo.
Deles, 26,6% dos estudantes são de famílias com renda per capita de até meio salário mínimo e 26,9% possuem renda entre meio salário e um salário mínimo, totalizando 53,3% de alunos pertencentes à famílias com renda mensal per capita de até um salário mínimo, que no último ano era de R$ 954. As pessoas com renda de até 1,5 salário por pessoa da família representam 16,6% dos discentes.
Os recursos que o MEC envia às instituições federais de Ensino Superior para aplicação de políticas de assistência estudantil são destinados a alunos oriundos da rede pública ou com renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo.
O estado brasileiro com mais estudantes com baixa renda em universidades federais é o Pará: 88%. O Distrito Federal é a única unidade da federação que apresenta minoria de alunos com esse perfil: 47,1%.
64,7% dos alunos são cursaram integralmente o Ensino Médio em escolas públicas. Em 2003, o número era 37,5%.
“Os dados desmistificam qualquer tipo de informação que as universidades hoje são majoritariamente da elite econômica, que poderia sustentar parte dos gastos das instituições”, disse Reinaldo Centoducatte, presidente da Andifes, em entrevista à Agência Brasil.
A pesquisa também mostrou que 30% dos estudantes participam de programas de assistência estudantil, como assistência moradia, alimentação, atendimento médico, moradia, material didático, entre outros.
Negros são maioria nas universidades
Pela primeira vez, pretos e pardos são maioria em universidades federais e representam 51,2%. Pessoas autodeclaradas pardas somaram 39,2% dos estudantes e 12% se autodeclararam pretos.
Desde a primeira pesquisa que abordou esse tema, em 2003, as mudanças na composição de cor e raça dos estudantes das universidades federais foram significativas. Nos últimos 15 anos, mostrou que o número de negros nessas instituições subiu de 34,2% para 51,2%.
Em 2003, 59,4% dos estudantes eram brancos. Em 2018, esse número representa 43,3% do total de alunos.
A maior parte dos estudantes possuem pais que não tiveram acesso ao Ensino Superior. 66,7% das mães dos alunos pararam no Enino Médio, enquanto 66,2% dos pais também não chegaram à faculdade.
As mulheres também representam a maioria dos estudantes de universidades federais: 54,6% são alunas.
Alunos apontam falta de disciplina como maior dificuldade
28,4% dos alunos responderam que a principal dificuldade que afeta o desempenho acadêmico é a falta de disciplina com relação aos hábitos de estudo. 28,4% se dizem afetados por essa razão.
Os estudantes também apontaram dificuldades financeiras como o principal motivo que os fizeram pensar em desistir do curso.
Entre fevereiro e junho de 2018, 424.128 estudantes de 65 instituições federais de ensino superior responderam a pesquisa pela internet. Esse número representa 35% do total de 1,2 milhão de alunos em cursos presenciais matriculados em universidades federais.