Se você já pensou em algum momento da sua vida em fazer faculdade, deve ter ouvido por aí uma discussão interminável sobre faculdades públicas e particulares, certo?
Às vezes, as pessoas até perdem a razão com argumentos que não fazem sentido só para demonstrar a superioridade de uma sobre a outra. O fato é que muita gente se esquece de que escolher entre uma faculdade pública ou particular depende de muita coisa.
Segundo os professores e editores do sistema COC, Felipe Ribeiro e Luiz Duarte, essa escolha está sujeita à carreira pretendida, à região em que está a faculdade/universidade e ao nível socioeconômico de quem está prestando vestibular. “Isso porque existem opções de universidades bem e mal avaliadas nas duas categorias (pública e particular)”, lembram os professores.
A seguir, você pode conferir algumas características de faculdades públicas e particulares.
Faculdade pública
- Não há pagamento de mensalidades, afinal, elas são mantidas com o dinheiro de impostos. A cobrança é mais comum em cursos de especialização;
- O seu vestibular, geralmente, apresenta duas fases ou utiliza o Enem com pesos diferentes de acordo com as áreas específicas;
- Acabam sendo mais concorridas, porque o número de vagas não acompanha a demanda. Assim, o investimento de tempo e de dinheiro é maior para ser aprovado nesse tipo de instituição;
- A infraestrutura apresentada geralmente não é boa. Falta investimento nas instalações e em equipamentos;
- Elas têm um refeitório universitário, local em que as refeições são muito baratas;
- Possuem alguns cursos com horários mais restritos (período integral), por isso fica mais difícil de conciliar com trabalho;
- Contam com bolsas de monitoria, pesquisa, auxílio-transporte e alimentação com comprovação de renda;
- São marcadas por greves, por isso as chances de apresentar cursos com a conclusão atrasada são maiores;
- A maioria de seus professores é doutor e pesquisador, por isso o aspecto acadêmico é mais presente assim como as didáticas adotadas.
Faculdade particular
- Há pagamento de mensalidade. O valor pago pode variar de acordo com o período do curso já que as disciplinas também mudam com o tempo;
- Podem apresentar métodos diferenciados de vestibular, como por exemplo, entrevistas, cartas de motivação e até dinâmicas de grupo, no caso de faculdades de ponta. Muitas aceitam o Enem para ajudar na aprovação;
- A quantidade de listas de aprovados costuma ser maior;
- Possuem mais infraestrutura já que há um investimento grande em recursos, profissionais e equipamentos;
- Geralmente, não possuem restaurantes universitários;
- Os seus horários permitem que os alunos também trabalhem;
- O aluno pode ter bolsas de monitoria e pesquisa ou financiar a graduação (com uma porcentagem de pagamento enquanto você estuda e outra quando você se forma). A possibilidade de conseguir uma porcentagem de desconto na mensalidade também existe;
- Não há greves;
- Os professores apresentam muita experiência no mercado de trabalho;
- Sua formação costuma ser mais prática, com uma grade curricular constantemente atualizada.
Onde estudar?
A visão dos alunos
Eduardo Schiavoni, Guia da Faculdade do Quero Bolsa, viveu as duas experiências e afirma: "em um momento ou outro, surge a pergunta: tem muita diferença entre fazer faculdade em uma instituição pública ou em uma particular? A resposta é sim, a diferença é grande. Mas não se apresse. Ao contrário do que diz o senso comum, isso não significa, necessariamente, que uma é melhor que a outra".
"Na minha experiência, a universidade pública é mais indicada para pessoas com menos compromissos cotidianos na vida. Isso porque, para cursar uma pública, a exigência de tempo de estudo e envolvimento com a vida acadêmica é maior. A particular, por isso, é ideal para quem já está inserido no mercado de trabalho. Numa simplificação grosseira, a particular se molda à vida dos universitários, enquanto na pública o universitário tem que se moldar à universidade", acrescenta.
Os números segundo o Censo da Educação Superior
No Brasil, atualmente, a rede privada possui 75,3% dos alunos do ensino superior, contra 24,7% das instituições estatais. Em 2016, eram 6.058.623 estudantes matriculados em faculdades e universidades particulares e outros 1.990.078 em instituições públicas.
Fonte: Censo da Educação Superior 2016/Inep
E como anda a empregabilidade?
Uma pesquisa realizada no ano passado pelo Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior) mostra um pouco o cenário da empregabilidade entre universitários de faculdades públicas e privadas.
Dois a cada três alunos que concluíram o Ensino Superior estão trabalhando atualmente, sendo que a maioria em sua área de formação. Um total de 44,4% dos concluintes que saíram das instituições públicas não estão trabalhando no momento, e continuam estudando em cursos de pós-graduação (56,2%), principalmente na modalidade stricto sensu (53,1% em mestrado ou doutorado). Já entre os 29,5% que não trabalham no momento e saíram de instituições privadas, a maioria (60,5%) não está fazendo outro curso atualmente.
Fonte: Semesp - Panorama dos Concluintes do Ensino Superior
A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2017, com o envio de formulário eletrônico para um banco de dados de 120 mil e-mails. Participaram alunos e ex-alunos de 379 Instituições Mantidas de Ensino Superior, entre privadas e públicas, em todas as regiões do país e em 135 cursos diferentes. Foram 1.445 respostas, das quais 1.089 de participantes que já concluíram o ensino superior, sendo que a maior parte deles se formou recentemente (em 2015 e 2016), somando 69,9% do total.
O que dizem os especialistas em recrutamento
No final, o que todo mundo pensa é como essa formação vai ser vista pelo mercado, certo? As chances vão ser maiores para quem fez uma faculdade pública ou para quem estudou em uma faculdade particular?
A resposta para essa pergunta é simples. Para Ligia Oliveira, consultora de educação para carreira da Cia de Talentos, uma empresa de recrutamento, o foco é o perfil do candidato. “Felizmente, as empresas não têm triado os candidatos com base nas instituições de ensino. O enfoque da seleção é no perfil do candidato, ou seja, competências técnicas e socioemocionais que são avaliadas ao longo do processo seletivo”, destaca.
Bom, depois de todos esses pontos o mais importante é lembrar que a dedicação do aluno faz toda diferença independentemente do tipo de instituição em que ele estuda. É possível encontrar excelentes alunos nas instituições públicas e nas particulares, como também estudantes nem um pouco comprometidos nos dois tipos de instituições.
E você? Já teve que defender a sua escolha por uma faculdade pública ou particular?