Seja por meio de pinturas rupestres ou da fala e escrita, a comunicação se mostrou, ao longo da história, uma ação fundamental durante toda a trajetória humana na Terra. É uma prática tão natural, para muitos de nós, que nem nos damos conta de sua complexidade no nosso dia a dia.
O processo envolve diferentes aspectos e, por esse motivo, possui uma área do conhecimento voltada especificamente para ela: a Fonoaudiologia.
"Por tratar da comunicação humana, [a Fonoaudiologia] faz-se em todos os ciclos de vida, desde o nascimento até o envelhecimento. Para cada etapa do ciclo de vida, a atenção é dispensada em algum aspecto, desde a prevenção das alterações, perpassando pelo diagnóstico e reabilitação. É possível, também, o trabalho com a habilitação, ou seja, com o que já se encontra adequado com fins de maiores ajustes, como na voz profissional de atores, cantores e outros", explica a Profa. Dra. Maria Cristina Corazza, coordenadora do curso de Fonoaudiologia da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), de Presidente Prudente (SP).
Áreas de destaque na Fonoaudiologia
Atualmente, existem 13 possibilidades diferentes de atuação para os fonoaudiólogos, de acordo com o Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa). Dentre elas, quatro se sobressaem.
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"A área que mais a gente tem especialistas é a área da audiologia. Essa área contem uma questão de avaliação, de exames audiológicos que o fonoaudiólogo pode fazer, aborda a questão da saúde ocupacional, que é o trabalhador, principalmente aqueles que trabalham com ruído e os profissionais que trabalham com voz. O fonoaudiólogo acaba trabalhando bastante com a reabilitação também, de pessoas que tenham algum tipo de surdez, algum nível de surdez, isso incluindo também a adaptação de aparelhos auditivos. A gente tem hoje também crescendo muito a área da voz, principalmente, na questão do trabalho, a gente tem professores, cantores, atores, então com todos esses profissionais a Fonoaudiologia trabalha na área da voz. E agora, com a covid, a gente teve muito a questão do fonoaudiólogo trabalhando no hospital, principalmente com os pacientes que foram entubados, na extubação todos eles necessitam do apoio fonoaudiológico, seja para questão da fala, de voltar a falar, produzir som na voz, e a questão da alimentação. Depois que extuba a gente trabalha com a questão da deglutição e a alimentação desses pacientes. Então a gente teve uma significativa visibilidade por parte da sociedade nessa área da fono hospitalar" conta a Dra. Sílvia de Oliveira, presidente do CFFa.
Outra área em total ascensão, segundo a coordenadora Corazza, além das mencionadas acima, é a de Geriatria, principalmente com atendimentos na área de Disfagia, em clínicas, home care ou em hospitais.
Para além das áreas em crescimento, também é importante pontuar as mudanças na forma de atendimento. Em agosto de 2020, o Conselho aprovou a Resolução Nº 580, que passa a permitir o a telefonoaudiologia, ou seja, atendimentos on-line para os casos em que não é necessário o contato direto com o paciente. O órgão disponibilizou, ainda, um guia de para teleatendimento aos profissionais da área, com indicações sobre como ele deve ser realizado, o qual pode ser acessado no site do Conselho.
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O perfil do fonoaudiólogo
O Brasil possui 46.087 fonoaudiólogos registrados no CFFa. Como esse volume é distribuído em proporções diferentes nas regiões do País, a demanda por esse profissional, principalmente para cidades menores, é maior do que a disponibilidade.
Aqueles que se interessam pela área encontrarão um amplo leque de oportunidades, mas é preciso estar atento às habilidades exigidas do fonoaudiólogo, independente da especialidade que ele escolha após a formação:
"Primeiro é ter uma boa comunicação, porque o fonoaudiólogo trabalha com a comunicação. Então ele tem que ser comunicativo, ter bastante empatia porque ele vai ter um relacionamento com o outro e, principalmente, ele tem que gostar muito de trabalhar com pessoas, porque nosso trabalho, basicamente, é com pessoas o tempo todo. A gente tem relações que são mais pontuais, quando a gente vai fazer só uma avaliação e o paciente vai embora, mas a gente tem relações a longo prazo, onde precisa se estabelecer uma relação de confiança entre o paciente e o fonoaudiólogo. Na verdade nós estamos na área da saúde, então também precisa gostar dessa área da saúde", destaca a Dra. Sílvia de Oliveira.
Para aqueles que desejam ir além, o empreendedorismo e a atualização são dois elementos importantes que merecem atenção. "Hoje a gente tem trabalhado com o conceito de empreendedorismo, então o fonoaudiólogo deixa de ser uma área assistencialista, que por muitos anos acabou sendo, [e passa a] ser empreendedor. Tem que pensar até no seu consultório como um negócio e trabalhar isso com novidades, com as tecnologias de informação, então essa questão do empreendedorismo é muito importante hoje para que ele possa se destacar no mercado. Tem que ser um empreendedor, ter atitude frente a esse mercado para conseguir o seu espaço" enfatiza a presidente do CFFa.
"É sempre importante a continuidade dos estudos e atualização constante, uma vez que o profissional da Saúde precisa acompanhar a evolução das Ciências. O acadêmico de Fonoaudiologia é formado para atuação generalista, o que permite uma grande gama de espaços de trabalho. Ainda assim, é relevante a dedicação ao aprofundamento dos conhecimentos", acrescenta Corazza.
Formação é o primeiro passo para ingressar na área
Para se tornar um fonoaudiólogo, é preciso passar pelo curso de Fonoaudiologia e, após a conclusão da graduação, é necessário efetuar o registro profissional no CFFa.
A formação tem duração média de quatro anos e é ofertada no grau bacharelado. A coordenadora do curso de Fonoaudiologia da Unoeste, que recebeu quatro estrelas na avaliação do Guia da Faculdade 2020, deixa algumas dicas para quem deseja se formar na área.
De acordo com ela, é fundamental verificar se o curso segue as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ministério da Educação (MEC). "A matriz curricular precisa assegurar a formação multi e interdisciplinar, garantindo a atuação na Saúde de maneira integrada em equipe. Todas as áreas de saberes definidas nas diretrizes devem estar elencadas, com carga horária suficiente para o aprendizado", ressalta.
A coordenadora também aponta a relevância do estágio e atividades práticas. "Devem ser realizados sempre presencialmente e supervisionados, com respeito à carga horária definida pelas Diretrizes, em cenários diversificados, com aproximação à Saúde Pública, além dos realizados em clínicas escolas que necessitam estar bem equipadas", aconselha.
E, por fim, outro ponto de atenção no momento de escolha é a estrutura do curso. "O corpo docente deve ser capacitado e qualificado; o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) estar em consonância com as Políticas Nacionais e Institucionais. O curso deve ser sempre motivo de avaliação constante, em todas as suas instâncias, a fim de que sejam propostas as mudanças e atualizações. O tripé Ensino – Pesquisa e Extensão tem de estar presente na formação do profissional", defende a coordenadora.
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