Na infância, o aprendizado das primeiras palavras ou frases é um momento importante, que pode gerar bastante ansiedade nos pais quando as crianças apresentam algum tipo de dificuldade ou atraso. A apraxia da fala é um problema de origem neurológica que afeta a condição motora da fala, dificultando a pronúncia de palavras, sílabas e sons.
Neste artigo você vai ver:
Entenda o que é a apraxia da fala
Quais os sintomas de apraxia da fala?
Quem tem apraxia da fala tem autismo?
Como é o tratamento da apraxia da fala?
Entenda o que é a apraxia da fala
Podemos classificar a apraxia de fala (AFI) como um distúrbio neurológico que afeta diretamente a condição motora da fala, resultando em uma maior dificuldade na pronúncia das sílabas e das palavras em geral.
Nesse contexto, é como se o cérebro recebesse de forma incorreta as informações, o que causa maior dificuldade para organizar e executar determinadas ações. Isso acaba ocasionando uma desordem na hora de produzir sons da fala e ou de se comunicar.
Segundo especialistas, por volta dos dois anos de idade já é possível notar alguns sinais de apraxia da fala nas crianças. Por isso, é fundamental o olhar atento dos pais, cuidadores e professores em relação ao desenvolvimento infantil. Geralmente, o diagnóstico é confirmado no decorrer das terapias e tratamentos específicos.
Quais os sintomas de apraxia da fala?
Como explicamos anteriormente, a apraxia da fala é um distúrbio neurológico que afeta a capacidade de uma pessoa planejar e executar movimentos musculares necessários para a produção da fala.
Os sintomas de apraxia da fala em crianças podem variar de acordo com a gravidade do distúrbio.
A seguir, listamos alguns sinais para que pais, responsáveis e educadores fiquem atentos:
Fala inconsistente: A criança pode ter dificuldade em produzir sons e palavras de forma consistente. Ela pode ser capaz de falar claramente em alguns momentos, mas em outros momentos apresentar dificuldade em articular palavras corretamente.
Erros na articulação: Pode haver substituição, omissão ou distorção de sons na fala da criança. Ela pode trocar um som por outro (por exemplo, dizer "gato" em vez de "pato"), omitir partes de palavras ou distorcer a pronúncia.
Dificuldade em iniciar a fala: A criança pode ter problemas para começar a falar, especialmente ao tentar produzir frases mais complexas ou expressar pensamentos elaborados.
Fala lenta ou hesitante: A fala pode ser caracterizada por pausas frequentes, hesitações prolongadas entre as palavras ou uma taxa de fala mais lenta do que o esperado para a idade da criança.
Problemas com imitação: A criança pode ter dificuldade em imitar corretamente os sons, palavras ou frases que ouve, mesmo que entenda o que está sendo solicitado.
Dificuldade em coordenar movimentos orais: Pode haver uma falta de coordenação nos músculos da boca, língua, mandíbula e lábios ao tentar articular palavras.
Desafios na prosódia: A prosódia refere-se ao padrão de entonação, ritmo e ênfase na fala. Crianças com apraxia da fala podem ter dificuldade em regular esses aspectos da fala de maneira adequada.
Frustração ao tentar se comunicar: A criança pode ficar frustrada ao tentar se expressar verbalmente devido às dificuldades enfrentadas.
É importante observar que esses sintomas podem se manifestar de maneira diferente em cada criança com apraxia da fala. Além disso, é essencial consultar um fonoaudiólogo para realizar uma avaliação completa e estabelecer um plano de intervenção adequado, que pode incluir terapia da fala para melhorar a comunicação verbal da criança.
Quem tem apraxia da fala tem autismo?
Estudos recentes apontam que cerca de 65% das crianças autistas também recebem o diagnóstico de apraxia da fala. Da mesma forma, 36,8% das crianças que recebem primeiro o diagnóstico de apraxia de fala, posteriormente são diagnosticadas com TEA também.
De qualquer forma, é importante entender que a apraxia da fala e o autismo são transtornos do neurodesenvolvimento distintos.
Em entrevista ao site do Dr. Dráuzio Varella , a fonoaudióloga Isabella Marchesi Florez, mestre em Comunicação Humana e Saúde pelo Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da PUC-SP, abordou as particularidades de cada caso.
Nos casos de autismo, a criança costuma apresentar déficits na comunicação social no geral, que podem contribuir diretamente para atrasos na oralidade.
"Quando a gente fala do transtorno do espectro autista (TEA), a gente fala de déficits na comunicação como um todo, que também podem estar associados ao atraso motor da fala, disartria e apraxia de fala", disse.
Como é o tratamento da apraxia da fala?
Primeiramente, é importante entender que o diagnóstico inicial da apraxia da fala é clínico. Ou seja, cabe ao profissional de saúde avaliar a movimentação dos órgãos fonoarticulatórios durante a tentativa de emissão da fala da criança.
Geralmente, são envolvidos especialistas com formação em distúrbios da comunicação, neurologistas e fonoaudiólogos para realizar o diagnóstico adequado.
A otorrinolaringologista e foniatra Sulene Pirana, Membro do Departamento de Desenvolvimento e Aprendizagem da Sociedade de Pediatria de São Paulo, esclarece que não existe um marcador biológico, medicação ou alteração em algum exame que seja específico para identificar essa condição nas crianças pequenas.
"O tratamento é realizado com terapia fonoaudiológica, com ênfase no treinamento motor, aliado ao desenvolvimento da linguagem. O terapeuta ocupacional trata as apraxias corporais e o fonoaudiólogo a apraxia oral e, especificamente, a apraxia da fala. Em alguns casos, a melhora não é suficiente para que a fala possa ser utilizada como comunicação e técnicas de comunicação aumentativa devem ser introduzidas. É muito importante que a criança tenha recursos para se comunicar e isto envolve mais do que a fala de forma exclusiva", destacou.
Além disso, o envolvimento, o cuidado e a paciência da família são fundamentais no sucesso do tratamento das crianças com apraxia da fala.
É necessário que todos entendam que não é uma simples falta de habilidade, preguiça ou de vontade de se expressar. "Há uma dificuldade real e desafiadora", finaliza a médica.
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