Uma buzina no meio da madrugada, ou conversas altas de vizinhos após às 22h, enquadra-se em o que é poluição sonora. Além disso, sons tidos como normais, por exemplo barulho do motor de automóveis, também são considerados como problema.
Apesar de muitas vezes passar despercebida pela população, a poluição sonora tem chamado cada vez mais atenção das autoridades.
No Brasil, o art. 3º, III, da Lei nº 6.938/81 sobre Política Nacional do Meio Ambiente, define poluição sonora como “a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.”.
O que é poluição sonora?
Considerada uma ameaça global à saúde pública, pela Organização das Nações Unidas (ONU), a poluição sonora engloba sons que estão num volume superior aos níveis tidos como normais para o ouvido humano.
Esses barulhos podem prejudicar tanto a saúde auditiva quanto mental das pessoas, tendo em vista os impactos relacionados ao estresse, concentração e ansiedade.
Conforme a população mundial aumenta, os ruídos crescem junto. Ainda segundo a ONU, a poluição sonora já causa 12 mil mortes prematuras por ano na União Europeia, prejudicando também aproximadamente 100 milhões de americanos.
Como a poluição sonora afeta as crianças?
De acordo com uma matéria jornalística publicada na BBC Brasil, a poluição sonora pode afetar a saúde, aprendizado e cognição das crianças.
Um estudo feito em 2022, em Barcelona (Espanha), provou que o barulho do trânsito da cidade afetou a memória e capacidade de atenção de crianças durante o processo de aprendizagem.
Como resultado, esses alunos tiveram problemas na resolução de atividades que incluíam matemática, raciocínio e compreensão linguística.
Foram 2,7 mil crianças avaliadas, com idades de sete a 10 anos, em 38 escolas da cidade, durante quatro vezes no ano.
O ruído externo foi medido a cada seis meses nas salas de aula, a fim de determinar um nível médio da poluição sonora no local. As crianças também faziam testes cognitivos online, para avaliar a memória de curto prazo e o foco.
Ao final dos estudos, os resultados concluíram que:
Houve desmotivação pelo aprendizado;
Os alunos não sentiam que tinham algum controle sobre o ambiente;
A atenção foi prejudicada, o que fez com que os estudantes perdessem informações importantes durante as aulas.
Vale ressaltar que essa foi a primeira pesquisa realizada com crianças e que, apesar da poluição sonora ter sido comprovada, os níveis de ruídos estavam inferior à média da cidade.
Neste caso, ficou evidente que o barulho do trânsito, tanto de carros, trens e aviões, foi o principal causador do quadro de problemas relacionados.
Quais são os tipos de poluição sonora?
Existem diversas fontes que podem causar poluição sonora, perturbando a qualidade de vida da população. Os tipos mais comuns são:
Barulho do trânsito: os meios de transporte estão em evidência quando exemplificamos o que é poluição sonora, isso devido às buzinas, sirenes e fluxo de automóveis e carros de som;
Barulhos domésticos: geralmente causados por eletrodomésticos, como secadores de cabelo, liquidificadores, aspiradores de pó, batedeiras, entre outros;
Sons industriais: os equipamentos tendem a ultrapassar a barreira do som de uma fábrica, podendo ocasionar a poluição sonora de um determinado bairro, por exemplo.
Vale ressaltar que aeroportos, templos religiosos e casas de shows também contribuem para esse quadro.
Classificação de ruídos na poluição sonora
Em relação ao aspecto temporal, ou seja, de duração dos ruídos, o Ministério Público define a seguinte classificação:
Contínuos: também chamado de ruído ambiental de fundo, há pouca oscilação da frequência acústica e o barulho se mantém constante;
Flutuantes: de forma periódica ou aleatória, os níveis de pressão acústica e espectro de frequência variam em função do tempo. Por exemplo no tráfego de automóveis em uma via pública;
Transitórios: quando o ruído começa e termina em período determinado. É o caso do barulho de obras;
Impacto: apesar de serem transitórios, são registrados aumentos elevados de pressão acústica, como é o caso de um avião que ultrapassa a barreira do som.
O que pode ser feito para diminuir a poluição sonora?
No geral, uma das formas de como evitar a poluição sonora é restringir os ruídos unicamente ao ambiente em que eles estão sendo gerados. Por isso, o isolamento acústico costuma ser a opção mais viável.
O Ministério Público aponta algumas orientações de como evitar a poluição sonora:
Zoneamento ambiental, onde áreas residenciais, comerciais e industriais devem ser bem divididas dentro de um município;
Levantamento de critérios utilizados para o licenciamento de uma atividade, ou seja, deve ser feito um estudo prévio sobre o possível impacto sonoro de determinada ação;
Monitoramento ambiental, a fim de garantir que os ruídos não ultrapassem os limites impostos de como evitar a poluição sonora;
Revestimento acústico em estabelecimentos;
Uso de equipamentos apropriados e regulamentados para a emissão de quaisquer tipos de sons.
Em relação a ações que podem ser feitas por cada pessoa, no dia a dia, vale ressaltar dicas como:
Uso de proteção de ouvidos para quem vive em grandes centros urbanos;
Evitar ambientes com som alto, muita conversa ou ruídos extremos;
Trocar o transporte de carros por alternativas que não emitam sons, como bicicletas ou veículos elétricos;
Realizar obras apenas nos horários estabelecidos (período comercial);
Isolar residências com materiais que absorvam ruídos;
Atentar-se ao volume de som durante atividades de lazer, como por exemplo festas e outras celebrações que envolvam músicas.