Fortes chuvas atingem o Rio de Janeiro desde sábado (13) e já matou 11 pessoas até as últimas atualizações. Devido a situação, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que a tragédia é fruto dos efeitos do racismo ambiental e climático.
Você conhece esse termo? Ele é utilizado para descrever a forma como as populações mais pobres e marginalizadas são afetadas pelos impactos ambientais negativos, como a poluição do ar, a contaminação da água, as enchentes e o desmatamento.
As chuvas no Rio de Janeiro, por exemplo, afetaram diversas regiões, mas de acordo com o sistema Alerta Rio, a Zona Norte foi a que mais sentiu. Só no bairro Anchieta a chuva chegou a 259,2 milímetros em um período de 24 horas, o que foi um recorde registrado pela estação meteorológica do local.
O racismo ambiental ocorre quando as políticas ambientais e os projetos de desenvolvimento são implementados de forma a prejudicar as populações mais vulneráveis.
No Brasil, o racismo ambiental é um problema grave. De acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as populações negras são mais propensas a viver em áreas de risco ambiental, como áreas de encostas sujeitas a deslizamentos, áreas próximas a lixões e áreas contaminadas por agrotóxicos.
O que é o racismo ambiental?
O racismo ambiental no Brasil é uma manifestação específica entre discriminação racial e questões ambientais. Ele se materializa quando comunidades racialmente marginalizadas enfrentam impactos desproporcionais e negativos relacionados ao meio ambiente.
Isso significa que essas comunidades muitas vezes são relegadas a áreas sujeitas a poluição, degradação ambiental e falta de acesso a recursos naturais.
Além disso, a falta de participação significativa dessas comunidades nas decisões ambientais e a negação de seus direitos territoriais agravam o problema.
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O racismo ambiental reflete, assim, não apenas uma disparidade na distribuição de impactos ambientais, mas também a perpetuação de estruturas de poder que marginalizam grupos étnicos específicos.
Comunidades onde vivem pessoas pretas e indígenas, frequentemente sofrem com a localização de indústrias poluentes, depósitos de resíduos tóxicos e desmatamento em suas proximidades.
De maneira mais específica, exemplificamos algumas situações comuns no Brasil que são ligadas ao racismo ambiental que o país sofre:
Localização de lixões e aterros sanitários
Geralmente, próximos a comunidades de baixa renda e majoritariamente compostas por pessoas negras e indígenas.
Segundo dados do IBGE, 83% dos lixões do Brasil estão localizados em áreas rurais ou periferias urbanas, onde vivem, em sua maioria, pessoas negras e indígenas.
Essas comunidades são expostas a uma série de riscos à saúde, como a contaminação do ar, da água e do solo, além de doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer.
Poluição do ar em bairros mais pobres
Estudos mostram que as comunidades mais pobres são mais expostas à poluição do ar, principalmente nas grandes cidades.
Essa poluição é causada por uma série de fatores, como a queima de combustíveis fósseis, a indústria e o transporte. A exposição à poluição do ar pode causar uma série de problemas de saúde, como doenças respiratórias, cardíacas e câncer.
Falta de acesso à água potável e saneamento básico em comunidades rurais e periféricas
A falta de acesso à água potável e saneamento básico é um problema grave que afeta milhões de pessoas no Brasil. Isso se torna ainda mais grave nas comunidades rurais e periféricas, onde vivem, em sua maioria, pessoas negras e indígenas.
A falta de acesso à água potável e saneamento básico pode causar uma série de problemas de saúde, como doenças diarreicas, verminoses e hepatite.
O racismo ambiental também pode dificultar o acesso à educação, ao trabalho e a outras oportunidades sociais.
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O que provoca o racismo ambiental?
O racismo ambiental no Brasil é provocado por uma combinação de fatores históricos, sociais e econômicos, começando pelo legado da escravidão que é evidente na estrutura social do país, com populações negras e indígenas frequentemente relegadas a condições de vulnerabilidade socioeconômica.
Além disso, a desigualdade social para as populações negras e indígenas são historicamente estigmatizadas e discriminadas, o que as coloca em uma situação de vulnerabilidade social. Essa vulnerabilidade as torna mais propensas a serem afetadas pelos impactos ambientais negativos.
Há a discriminação institucional que muitas vezes, as políticas ambientais e os projetos de desenvolvimento são implementados de forma a prejudicar deliberadamente as populações mais vulneráveis.
Isso pode acontecer, por exemplo, quando lixões e aterros sanitários são localizados em áreas próximas a comunidades negras e indígenas, ou quando indústrias poluentes são instaladas em áreas de baixa renda.
E, ainda, a injustiça ambiental é um conceito que descreve a distribuição desigual dos benefícios e dos ônus do desenvolvimento.
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No caso do racismo ambiental, as populações negras e indígenas são desproporcionalmente afetadas pelos ônus do desenvolvimento, enquanto os benefícios são direcionados para as populações brancas e de classe média.
Isso reflete, por exemplo, nas comunidades onde as casas correm riscos de deslizamento em períodos de chuva forte.
Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), as comunidades negras e indígenas são mais propensas a serem afetadas por desastres naturais, como enchentes e deslizamentos de terra.
Como combater o racismo ambiental?
Para combater o racismo ambiental, é necessário que a sociedade como um todo reconheça o problema e tome medidas para combatê-lo. Algumas dessas medidas incluem:
Criação de políticas públicas que levem em conta as desigualdades sociais e econômicas. Essas políticas devem garantir que todas as comunidades, independentemente da raça, tenham acesso a recursos e oportunidades iguais;
Garantia do direito à participação das comunidades afetadas na tomada de decisão. As comunidades afetadas pelo racismo ambiental devem ter voz no processo de tomada de decisão sobre questões ambientais;
Promoção da educação ambiental. A educação ambiental é essencial para conscientizar a população sobre o racismo ambiental e suas causas;
Valorização do conhecimento tradicional das comunidades. O conhecimento tradicional das comunidades afetadas pelo racismo ambiental pode ser uma ferramenta valiosa para a proteção ambiental.
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Em 2023, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, participou da plenária “Amazônias Negras: Racismo Ambiental, Povos e Comunidades Tradicionais”, em Belém (PA), dentro da programação do Diálogos Amazônicos.
Durante o evento, citou o pacto firmado com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para a criação do Comitê de Monitoramento da Amazônia Negra e Enfrentamento ao Racismo Ambiental.
Além das medidas governamentais, também é importante que a sociedade civil se mobilize para combater o racismo ambiental. Existem diversas organizações e movimentos sociais que trabalham para conscientizar a população sobre o problema e promover ações para a sua erradicação.
Carreiras para atuar na área ambiental
As carreiras para quem quer trabalhar diretamente com o meio ambiente são diversas e abrangem diferentes áreas do conhecimento. Algumas das principais áreas são:
Ciências ambientais: profissionais desta área trabalham com a conservação e proteção do meio ambiente, e podem atuar na identificação e redução dos impactos ambientais negativos sobre populações vulneráveis.
Direito ambiental: profissionais desta área trabalham com a defesa do meio ambiente, e podem atuar na promoção de políticas públicas e na defesa de comunidades afetadas pelo racismo ambiental.
Administração pública: profissionais desta área trabalham na administração de órgãos públicos, e podem atuar na implementação de políticas públicas de combate ao racismo ambiental.
Educação: profissionais desta área trabalham com a educação ambiental, e podem atuar na conscientização da sociedade sobre o racismo ambiental.
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Algumas das carreiras específicas que podem ser seguidas por quem quer trabalhar para combater o racismo ambiental são:
Biólogo
Engenheiro ambiental
Geógrafo
Se você se interessa por alguma dessas carreiras e não sabe por onde começar, faça primeiro um teste vocacional para definir qual área é a melhor para você atuar com meio ambiente. Depois, confira bolsas de até 80% nas faculdades parceiras da Quero Bolsa: