Antes de começar a ler esta matéria, imagina as seguintes situações:
- Você foi promovida no seu emprego e foi parabenizada por todos os seus colegas de trabalho. Apesar de ficar muito feliz, algo que passa pela sua cabeça é "mas nem é tudo isso, eu não fiz nada de demais".
- Você foi elogiada pela sua chefe por um trabalho que concluiu com excelência. Mas o que você se pergunta é quando ela descobrirá que aquilo não foi tão difícil assim e perceberá que você não merece esse ou qualquer outro elogio? Você se sente uma farsa.
- Você terminou um projeto da faculdade e conseguiu uma das melhores notas e sua criatividade foi elogiada pelo professor. Porém, você acha que aquilo, apesar de dado um grande trabalho e você ter passado dias produzindo, é algo simples e que não merecia tanto destaque.
Algum desses casos (ou alguma situação parecida) já aconteceu com você e tudo o que você conseguia pensar era que aquilo "não era tudo isso"? Se a sua resposta foi sim, já imaginou que você pode sofrer da síndrome do impostor?
O que é a síndrome do impostor?
Definido por um conjunto de comportamentos, pensamentos e sentimentos que coloca a pessoa em dúvida sobre o seu próprio mérito, o termo síndrome do impostor foi citado pela primeira vez em 1978 em um artigo elaborado Pauline Clance e Suzanne Imes, duas psicólogas norte-americanas que estudavam o caso de mulheres que, mesmo em cargos de alta responsabilidade, "continuam a acreditar que não são realmente inteligentes e devem ter enganado qualquer pessoa que pensa que elas são.
De acordo com Alexandre Pereira de Mattos, psicólogo e psicoterapeuta, a pessoa com esta síndrome, mesmo com a presença de evidências que confirmariam a competência, acreditar ser uma fraude ou que logo descobrirão que ela não é merecedora de qualquer reconhecimento.
Uma das vítimas da síndrome do impostor foi a atriz Emma Watson, conhecida mundialmente pelo seu papel na saga Harry Potter. "Quanto mais faço, mais o meu sentimento de inadequação aumenta, porque penso sempre que a qualquer momento alguém vai chegar ao pé de mim e dizer-me que sou uma fraude", afirmou Emma em entrevista realizada em 2013.
Quais são os sintomas da síndrome do impostor
Alguns dos sintomas dessa síndrome são:
- Duvidar das próprias habilidades, creditando-as à sorte;
- Autodepreciação e severidade às próprias falhas;
- Esforço exagerado a fim de justificar o próprio sucesso, para que outras pessoas não duvidem da sua capacidade;
- Adiar tarefas para evitar o momento de avaliação por terceiros;
- Querer agradar a todos para causar boa impressão, independente das consequências;
- Comparação excessiva com o próximo;
- Medo de avaliações ou de momentos de exposição.
"A pessoa com esta síndrome desenvolve crenças de ser uma fraude ou de que seu sucesso ou habilidade deve-se à sorte e não à competência ou esforço. São chamadas crenças centrais de desvalor, defeito ou incompetência e, dependendo de sua força, a mera constatação de evidências contrárias não é suficiente para enfraquecer tais crenças", aponta Alexandre.
Qual é o tratamento?
Além dos danos psicológicos, esse síndrome pode influenciar, e muito, a vida profissional e pessoal da pessoa. "Ela pode não se considerar boa o suficiente para o outro, seja o companheiro, amigo ou amiga, e assim por diante. Suas dúvidas recaem sobre os atrativos mais pessoais, sejam eles físicos ou psicológicos", explica o psicoterapeuta.
Por isso, caso a pessoa encontre sintomas condizentes com a síndrome do impostor, a indicação do especialista é buscar ajuda profissional para ajudar a modificar as crenças que estão a perturbando e aprender a lidar com os sentimentos de insegurança e de fraude.
Alivie a sensação de fraude
Apesar do tratamento com um especialista ser a melhor opção com quem sofre de síndrome do Impostor, para resolver momentos de crise a curto-prazo, Alexandre Pereira de Mattos ensinou uma técnica que ajuda a diminuir a sensação de ser uma fraude. Confira:
- Pegue um papel (ou no bloco de notas no celular) e anote qual é a situação em que você se sente uma fraude;
- Após isso, aponte quais são as evidências que confirmam essa sensação e quais são as que mostram a sua competência no assunto;
- Questione de maneira sincera se, de fato, as evidências a favor da fraude são realistas: ter atingido determinada meta deve-se mesmo à sorte? Analise todos os fatores que possam ter influenciado no sucesso.
"Muitas dessas crenças de desvalor são consideradas irracionais por carecerem de evidencias comprobatórias.
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