Atualizado em 20/12/2019
O uso da crase, de uma forma geral, gera dúvida em muita gente. Seja em situações do dia a dia ou até mesmo nas provas e nos vestibulares, a confusão pode acontecer e assombrar quem ainda não domina o assunto.
A Revista Quero procurou o professor Edson Rodolfo Silva, do Curso Oficina do Estudante, para dar algumas dicas sobre o uso da crase para ajudar quem ainda se perde em tantas regras.
Mas, afinal, o que é e como usar a crase?
Crase, em grego, significa fusão, e é exatamente isso que ela representa: a fusão do artigo feminino “a” com a preposição “a”, pedida pelo verbo ou pelo nome.
Isso quer dizer que, para se utilizar corretamente a crase, devemos proceder como se fôssemos atravessar uma via de mão dupla, ou seja, olhar para os dois lados.
Um exemplo da importância da ocorrência da crase, ou sua falta, está presente em verbos como “aspirar” e “visar”. Existe uma diferença enorme de sentido entre “Ela aspira a presidência” e Ela aspira à presidência”.
No primeiro caso, a ausência da crase demonstra que o verbo aspirar é transitivo direto, assumindo, então, o sentido de “limpar”, ou seja, o sujeito do período é uma funcionária da limpeza e, dentre suas atribuições, está a de limpar a sala do presidente.
Já no segundo caso, a presença da crase informa que o verbo é transitivo indireto, regido pela preposição "a". Nesse caso, seu sentido é o de desejar, almejar, assim, o sujeito tenciona assumir a presidência da empresa.
Embora seja um conteúdo gramatical conhecido por possuir muitas regras, inclusive de exceção, é possível conferir a seguir algumas dicas práticas que podem ajudar em uma entrevista de emprego, em alguma prova ou até mesmo em relatórios e textos diversos.
Dicas para não errar mais o uso da crase
- Não haverá crase diante de palavras masculinas, pelo motivo óbvio de não possuir artigo feminino. Entretanto, muito cuidado com períodos como “Ele usa patos à Luiz XV”. Nesse caso a crase ocorre pois, entre o “a” e o nome Luiz XV encontra-se implícita a locução prepositiva “a moda de”.
- No período “Demos cestas básicas a famílias carentes” não haverá crase, embora o verbo dar peça preposição “a” e a palavra famílias seja feminina. Isso acontece porque, estando o “A” no singular, não ocorre artigo feminino. Portanto, a dica: “a” no singular e termo ao qual ele se refere no plural, sem crase.
- Nunca haverá crase diante de verbos, afinal, verbos não admitem artigo, não ocorrendo a fusão da preposição “a” mais artigo feminino “a”. Por isso, orações como “Passei a estudar” não terão, nunca, crase.
- Nunca haverá crase diante de numerais, exceto se esse numeral indicar hora definida. Por hora definida, entenda aquela que você consegue visualizar no relógio. Por exemplo, “Chegarei daqui a dez minutos” não tem crase, já “Chegarei às dez horas”, sim, pois é hora definida. Mas cuidado, se a hora definida vier precedida de outra preposição, não haverá crase, como em “Estou aqui desde as dez horas”.
- Diante dos pronomes de tratamento “senhora, senhorita, dona e madame” a crase será facultativa, assim, são corretos os períodos “Paguei à senhora” e “Paguei a senhora”.
- Entre palavra repetidas, nunca ocorrerá crase, isso porque não há a presença de artigo. Assim, o correto é “Encarei-o face a face”
Deu para perceber que o uso da crase possui muitas regras e algumas exceções, não é mesmo?
O ideal é sempre dar aquela boa estudada na teoria e fazer exercícios para fixar bem o assunto.
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