Quem nunca ouviu falar na diferença entre os termos macaxeira, aipim e mandioca? A questão é que as três palavras se referem ao mesmo alimento, só que cada uma delas é utilizada numa região do país. O mesmo acontece com os termos mexerica, tangerina e bergamota.
Essa diversidade no jeito de falar tem nome: variação linguística. Trata-se de um fenômeno presente em todos os idiomas. Ele se manifesta também de outras formas, como pelos diferentes sotaques.
“É importante falar sobre a variação linguística para que se entenda que a língua não se restringe apenas e tão somente à variante padrão”, afirma a professora de Língua Portuguesa do Colégio Oficina do Estudante de Campinas, Liliane Negrão.
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O que é variação linguística?
A variação linguística é um fenômeno que ocorre naturalmente em todas as línguas e se refere às diferentes formas de falar e escrever utilizadas por indivíduos e grupos em uma determinada comunidade linguística.
Esse fenômeno é considerado dinâmico e multifacetado. “Dinâmico porque está em constante transformação, e multifacetado porque não se manifesta de maneira uniforme no seio da comunidade de falantes”, explica o professor de português do Curso Anglo, Daniel Fonseca.
Vale lembrar que a variação pode ser observada em diversos níveis, como pronúncia, vocabulário, gramática e até mesmo em aspectos sociais e culturais da linguagem.
Uma das principais causas da variação linguística é a diversidade geográfica. À medida que as pessoas se deslocam de um lugar para outro, diferentes variedades linguísticas se desenvolvem de acordo com as características da região.
Por exemplo, no Brasil, podemos encontrar variações regionais como o sotaque carioca, o gaúcho, o nordestino, entre outros, cada um com suas particularidades fonéticas e entonações próprias.
Além disso, a variação linguística também está relacionada ao contexto social e cultural. Diferentes grupos sociais, como jovens, idosos, pessoas de diferentes classes sociais e grupos étnicos, podem utilizar variações linguísticas específicas que refletem sua identidade e pertencimento.
Por exemplo, gírias e expressões utilizadas por determinados grupos podem não ser compreendidas ou aceitas por outros, demonstrando como a linguagem pode ser um marcador de identidade e diferenciação social.
Em suma, a variação linguística é uma característica intrínseca de qualquer língua viva e reflete a diversidade e a complexidade da comunicação humana. É importante reconhecer e valorizar essa diversidade, pois todas as formas de falar e escrever têm sua validade e contribuem para a riqueza cultural e linguística de uma sociedade.
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Quais são os tipos de variação linguística?
Existem diversos tipos de variação linguística. A professora Liliane elenca as divisões:
Regional ou diatópico
A variação linguística regional é um dos tipos mais comuns de variação linguística e ocorre quando diferentes regiões geográficas apresentam características linguísticas distintas. Essas variações podem ser observadas em vários aspectos da linguagem, como pronúncia, vocabulário e gramática.
Histórico ou diacrônico
A variação linguística histórica refere-se às mudanças ocorridas na linguagem ao longo do tempo. Ela é influenciada por uma série de fatores, como contato com outras línguas, mudanças sociais, evolução cultural e influência de eventos históricos.
Social ou diastrástico
A variação linguística social refere-se às diferenças linguísticas que surgem em função dos diferentes grupos sociais aos quais os falantes pertencem. Essas variações podem ocorrer em termos de vocabulário, pronúncia, gramática e estilo de fala, sendo influenciadas por fatores como classe socioeconômica, idade e identidades culturais e étnicas.
Situacional ou diafásico
A variação linguística situacional refere-se às mudanças linguísticas que ocorrem em diferentes situações comunicativas. Essas variações são influenciadas pelo contexto em que a comunicação acontece, como o local, o propósito da interação e a relação entre os interlocutores.
Exemplos de variação linguística
No Brasil, a variação linguística é bastante evidente, apresentando diferenças regionais, sociais e étnicas. Aqui estão alguns exemplos de variação linguística no país:
Sotaque e pronúncia
O Brasil possui uma grande diversidade de sotaques e pronúncias em todo o território. Por exemplo, o sotaque carioca, com sua entonação característica, difere do sotaque nordestino, com suas vogais mais abertas.
Vocabulário regional
O vocabulário utilizado pode variar de acordo com a região. Por exemplo, no Sul do Brasil, é comum o uso da palavra "piá" para se referir a um menino, enquanto no Nordeste, pode-se usar "menino" ou "garoto".
Expressões idiomáticas
Expressões e ditados populares também podem variar regionalmente. Por exemplo, no Rio Grande do Sul, é comum ouvir "bater uma chincha" como uma expressão para fazer uma visita, enquanto em São Paulo, pode-se ouvir "bater um papo".
Gírias e jargões
Diferentes grupos sociais e faixas etárias podem ter suas próprias gírias e jargões. Por exemplo, entre os jovens, é comum ouvir expressões como "tá de boa" (estar tranquilo) ou "tá ligado" (estar atento).
Influência étnica
A influência de diferentes grupos étnicos também pode gerar variações linguísticas. Por exemplo, a língua portuguesa falada por comunidades indígenas pode ter características específicas e palavras de origem indígena incorporadas ao vocabulário.
O que é o preconceito linguístico?
O preconceito linguístico é um fenômeno social em que determinadas formas de fala são estigmatizadas e consideradas inferiores ou inadequadas em relação a outras.
Isso acontece quando as variantes linguísticas de certos grupos são alvo de discriminação ou desvalorização por parte de falantes que consideram sua própria linguagem como padrão ou superior.
Como estudar variação linguística para o Enem?
Segundo a professora Liliane, no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e outros vestibulares, a variação linguística pode ser cobrada atrelada à habilidade de interpretação de textos e também aos aspectos causadores de determinada linguagem presente em alguma produção textual.
Além disso, o tema também pode aparecer em perguntas ligadas ao preconceito linguístico. "Com a prática de resolução de questões, os vestibulandos perceberão quais são as perguntas recorrentes", aconselha o professor Fonseca.
Vale lembrar que a importância de entender a variação linguística ultrapassa o ambiente escolar. “Ter conhecimento da diversidade da língua é fundamental para o desenvolvimento da personalidade e para a integração social do indivíduo, seja no seu trabalho, nos seus estudos, no exercício da cidadania ou ainda em sua produção artística e cultural”, comenta Fonseca.
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