Também conhecida como paralisia infantil, muitas pessoas ainda ficam em dúvida sobre o que é poliomielite. Esta é uma doença classificada como infecciosa e parasitária, sendo identificada pelo Código Internacional das Doenças em CID10: A80.
O infectologista Victor Bertollo, chefe da Assessoria de Mobilização Institucional e Social para Prevenção de Endemias da Subsecretaria de Vigilância à Saúde do Distrito Federal, explicou que cerca de 75% dos infectados não desenvolvem sintomas.
Entretanto, esses indivíduos ainda podem transmitir o vírus. Os sinais da doença irão variar conforme as formas clínicas, podendo ocorrer manifestações leves ou quadros mais graves, levando à morte do paciente.
O que é poliomielite e o que ela causa?
A poliomielite é uma enfermidade contagiosa e aguda, ocasionada por um vírus que pode infectar crianças e adultos, apesar dos casos mais comuns ocorrerem com crianças com menos de cinco anos de idade.
O contágio se dá pelo contato direto com fezes ou secreções de indivíduos contaminados. De acordo com o infectologista, a doença causou paralisia e morte nos mais novos durante muitos anos no Brasil.
“Só que essa doença não faz mais parte do nosso cenário epidemiológico graças à vacinação e o Brasil, desde 1989, não registra nenhum caso” — Victor Bertollo, infectologista.
Quais as principais sequelas da poliomielite?
Agora que você sabe o que é poliomielite, é preciso entender que quando ocorre a transmissão ela pode passar despercebida ou gerar sequelas irreparáveis. Entre as consequências da doença, estão:
Problemas nas articulações;
Pé equino, em que o membro fica torto e impossibilita a pessoa de andar, já que o calcanhar não alcança o chão;
Crescimento diferente das pernas, gerando dificuldade ao andar;
Osteoporose;
Paralisia nos músculos responsáveis pela fala e deglutição;
Dificuldade de falar;
Atrofia muscular;
Paralisia de uma das pernas;
Hipersensibilidade ao toque.
Quais os sintomas da poliomielite?
O infectologista Victor Bertollo divide os sintomas da poliomielite de acordo com o quadro da doença.
“Uma parte dessas pessoas vão desenvolver uma síndrome parecida com uma síndrome gripal, com febre, dor no corpo, histamina, dor de garganta. Vai ser um quadro leve, autolimitado” — Victor Bertollo, infectologista.
Já em relação ao quadro em que a meningite aparece, o percentual ainda é pequeno, marcando por volta de 4% dos indivíduos.
“Também é um quadro que traz dor de cabeça intensa, febre, indisposição, mas que tende a reverter espontaneamente e evoluir para cura sem sequelas” — Victor Bertollo, infectologista.
Já a poliomielite paralítica, a que causa a paralisia flácida da musculatura, vai acometer menos de 1% dos infectados. É este quadro que gera um acometimento da medula espinhal em diversos locais do corpo, segundo o médico.
Em resumo, os sintomas da poliomielite mais frequentes são:
Mal-estar;
Febre;
Dor de cabeça;
Diarreia;
Vômitos;
Constipação (prisão de ventre);
Rigidez na nuca (meningite);
Espasmos.
Todavia, vale ressaltar que se a doença evoluir para a forma paralítica, os sinais mudam e pode ocorrer:
Instalação súbita de deficiência motora, junto de febre;
Flacidez muscular, com diminuição ou perda total de reflexos nas áreas paralisadas;
Sensibilidade conservada;
Assimetria acometendo, geralmente nos membros inferiores (pernas).
Qual é a melhor maneira de evitar a poliomielite?
O único jeito de prevenir a poliomielite é por meio da vacinação. Todas as crianças, menores de cinco anos de idade, devem ser vacinadas conforme o Calendário Nacional de Vacinação e na campanha anual.
Esquema vacinal contra a poliomielite
O esquema vacinal possui três doses da vacina inativada e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente (gotinha).
- Para crianças menores de 1 ano: três doses da vacina inativada poliomielite (VIP) aos 2, 4 e 6 meses de idade;
- Para crianças de 1 a 4 anos: dois reforços com a vacina oral poliomielite (VOP) aos 15 meses e aos 4 anos de idade;
A vacina está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs)/UBSs Integradas. Ela é segura e não causa reação.
O infectologista Victor Bertollo lembra que, apesar da doença ter sido eliminada do Brasil, ela ainda pode ser reintroduzida no país.
“Por isso, é muito importante que os pais levem seus filhos menores de cinco anos para checar a caderneta e atualizar a situação vacinal se necessário" — Victor Bertollo, infectologista.
Vale ressaltar que, além da vacinação, é importante adotar medidas preventivas contra enfermidades que são transmitidas por contaminação fecal de água e alimentos. É necessário um saneamento básico adequado, condições de habitação e boa higiene.
Qual a origem da poliomielite?
Você já sabe o que é poliomielite, mas, você sabe a sua origem? Ela é causada pelo poliovírus (PV), que infecta um membro do gênero Enterovirus, colonizando o trato gastrointestinal (orofaringe e intestino).
Apesar de ser uma doença com registros desde a antiguidade, o agente causador só foi descoberto no início do século XX.
No Brasil, o primeiro surto registrado da poliomielite foi em 1911. Entretanto, desde 1990 não há registros do vírus no território.
Quais são os três tipos de poliomielite?
Os três tipos são divididos em sorotipos 1, 2 e 3 do poliovírus. Entretanto, existem dois tipos da doença: a paralítica e a não paralítica, que pode causar a paralisia completa ou parcial das pernas.
Poliomielite não paralítica
É a mais comum e que mais afeta a população. Por ter os sintomas parecidos com uma gripe, o quadro real pode passar despercebido. Os sinais da doença duram de um a dez dias.
Poliomielite paralítica
Esse quadro pode receber outros nomes, dependendo da área do corpo que foi afetada. Essa é a condição mais grave da doença. Inicialmente, os sintomas são semelhantes à poliomielite não paralítica, porém, eles tendem a piorar.
A febre alta e dores pelo corpo se transformam na perda de reflexos, dores mais fortes, fraqueza e flacidez dos músculos, levando os membros inferiores à paralisia parcial ou total.
Esse tipo de paralisia pode ser temporário ou permanente. Porém, normalmente ela deixa sequelas, como por exemplo alguns membros tortos (pés e tornozelos).