Atualizado em 24/05/2021
O trabalho home office certamente chamou atenção de muita gente no ano de 2020, quando grande parte das empresas foi obrigada a adotá-lo por conta da pandemia causada pelo coronavírus.
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A situação de isolamento acelerou diversas práticas e gerou muitas percepções sobre esse modelo que divide opiniões, mas que se firma como algo a ser avaliado e seguido nos próximos anos.
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Para ajudar você a entender melhor tudo isso, a Revista Quero resgatou a definição desse conceito e suas vantagens e desvantagens e conversou com alguns especialistas no assunto, que explicam o cenário atual e algumas tendências do mercado do trabalho remoto.
O que é home office?
O termo home office vem da língua inglesa e significa trabalho feito em casa. O sentido dele pode até englobar uma perspectiva mais ampla, como sendo o trabalho realizado de forma remota e que pode ser executado em qualquer lugar.
Nos últimos anos, ele conquistou muitas pessoas, já que oferece a oportunidade de não se perder tempo em engarrafamentos nas grandes cidades e ter mais qualidade de vida.
Com funciona o trabalho home office?
O trabalho em home office funciona com a realização das atividades fora da empresa. A própria tecnologia abriu espaço para ele, com a criação de computadores, notebooks e a popularização da internet.
Esse novo formato de trabalho foi até definido pela legislação, para orientar melhor os trabalhadores.
‘Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo.
Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho.'
Fonte: LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho.
Mas, uma explicação bem clara sobre o modelo é que nele o funcionário pode fazer seu trabalho a distância, dedicando-se parcial ou integralmente a uma empresa. A jornada passa a ser mais flexível, porém as responsabilidades e o compromisso com as entregas continuam as mesmas como se ele estivesse no ambiente corporativo. Seu modo de avaliação pode ser por entregas e produtividade e não mais por um horário fixo de trabalho.
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Quais são as vantagens e as desvantagens do home office?
Como tudo na vida, o modelo de trabalho home office também apresenta suas vantagens e desvantagens. Confira a seguir algumas delas:
Vantagens
- Flexibilidade de horário
- Economia de tempo (já que não há deslocamento até o local de trabalho)
- Equilíbrio maior entre vida pessoal e profissional
- Redução de custos por parte da empresa
- Qualidade de vida para o funcionário
Desvantagens
- Mais chances de distrações
- Falta de rotina de trabalho
- Possíveis falhas de comunicação
- Suporte técnico mais demorado
Onde encontrar vagas de trabalho home office?
Além das redes sociais e do próprio LinkedIn, rede voltada especificamente para o universo do trabalho, plataformas especializadas, focadas em trabalho remoto e trabalho freelancer costumam disponibilizar oportunidades em que o trabalho home office pode ser adotado.
Porém, isso não impede que uma empresa tenha esse modelo para as mais variadas áreas e os mais diferentes cargos.
Qual é o salário de quem trabalha em home office?
O salário de quem trabalha em home office costuma variar bastante. Tudo depende do trabalho desempenhado e da função ocupada. Com as mudanças provocadas pela pandemia, muitas pessoas ficaram em dúvida sobre como as remunerações seriam afetadas. O que os especialistas dizem é que não há alteração de salário, caso se mantenham as atividades e carga horária trabalhada.
Quais são as carreiras que podem adotar o trabalho home office?
É importante lembrar que nem sempre o trabalho em home office é possível para todas as carreiras, porque tudo depende se a função ocupada possibilita esse tipo de formato de trabalho.
Uma investigação divulgada recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada elencou a viabilidade de realização de home office em uma lista de 86 países. O Brasil ocupou a 45ª posição, com 25,65% das atividades sensíveis a esta prática. Luxemburgo apresentou a maior proporção (53,4%), e Moçambique a menor, com 5,24% das atividades passíveis de migrar para home office. O Brasil ocupou a 2ª posição na América Latina, atrás do Chile, com uma proporção de 25,74% dos trabalhos viáveis de serem realizados nesta modalidade.
Fonte: Relatório Técnico sobre Home Office produzido pela FIA
Existem algumas áreas, no entanto, que são mais simples de seguir esse modelo de trabalho. Afonso Braga, professor de Marketing e Empreendedorismo do Instituto Mauá de Tecnologia, destaca que trabalhos mais administrativos seguramente conseguem ser desempenhados por home office. “Hoje mesmo vemos áreas como Direito, Contabilidade e Finanças com profissionais trabalhando remotamente”, lembra Afonso.
Áreas de Tecnologia e, em linhas gerais, áreas mais técnicas, também são mais fáceis de seguir o home office. “Elas não exigem tanto da interação humana e de desenvolvimento de relacionamento humano e podem ser tão produtivas quanto se estivessem no escritório”, afirma Lucas Oggiam, diretor da Michael Page e da Page Personnel.
Para setores que demandam mais trocas entre times, as empresas ainda preferem o trabalho em seu modelo tradicional ou que mescle o home office e o trabalho no escritório. “Áreas como Vendas, Marketing e áreas de Negócios contam com uma troca humana produtiva para a organização, por isso algumas empresas preferem o modelo tradicional de trabalho ou um acordo com boas políticas de home office”, lembra Lucas.
O que a pandemia evidenciou sobre o home office no Brasil?
Se a gente parar para refletir, também pode notar que o isolamento provocado pela pandemia trouxe algumas lições relevantes sobre home office para o Brasil, como a verificação de sua efetividade e de pontos de atenção.
“Muitas empresas aprenderam nesse período que o modelo home office funciona. Elas perceberam que muita coisa não precisava ser feita pessoalmente. Isso tudo forçou as pessoas a terem essa experiência e a verem que o trabalho de forma remota pode ser executado. No futuro, talvez se siga uma mistura dos dois formatos, com idas ao escritório somente algumas vezes por semana”, sugere Afonso.
Em uma outra perspectiva, foi possível perceber também dois grandes desafios particularmente enfrentados pelos brasileiros que envolvem infraestrutura e questões culturais.
“O desafio inicial de boas culturas de home office no país independe do desejo das empresas, depende mais da infraestrutura que temos como país como um todo, porque as pessoas não possuem um bom acesso à internet ou a um bom computador em casa e a maioria das empresas ainda não trabalha com notebooks. Outra coisa importante é que o brasileiro, por uma questão cultural, gosta de trabalhar em contato com outras pessoas, diferente de outros povos (como europeus e norte-americanos), que não conseguem ver tantas diferenças entre trabalhar de casa e no escritório. Acho que esses são os dois maiores impeditivos para que as empresas abraçarem o home office como parte da rotina delas”, aponta o diretor da Michael Page e da Page Personnel.
Tendências e pesquisas sobre trabalho home office
Muita gente por aí pode estar se perguntando: mas, afinal, quais expectativas podemos ter em relação ao futuro sobre o trabalho home office?
Segundo o ponto de vista dos especialistas, a resposta para essa pergunta engloba posturas mais flexíveis e autônomas.
“O home office está muito ligado à flexibilidade e à autonomia do funcionário. A maior preocupação das empresas era de que as pessoas poderiam não trabalhar e não serem tão produtivas quanto. Acho que a primeira coisa que vai precisar ter por parte das empresas como um todo é maior flexibilidade para os desejos e as necessidades dos profissionais. A segunda, que envolve as empresas e os funcionários, é criar uma cultura de gestão por indicadores, em que seja possível ver que o trabalho está sendo feito, de uma forma bem prática”, revela Lucas.
Esses pontos também são destacados pelo professor do Instituto Mauá. “As empresas que já conseguiram estabelecer métricas por entrega de projetos, talvez, tenham menos essa dificuldade de adotar o trabalho home office. Daí, o engajamento poderia vir pelo fato de a pessoa conseguir trabalhar, ter a sua remuneração e não ter sua produtividade diminuída por ter que ficar se deslocando até o trabalho”, completa Afonso.
“O futuro do trabalho vai ser mais em função do talento das pessoas e não da disponibilidade de trabalho dela em algum lugar específico. Algumas áreas ainda vão demandar a presença física mas não com a mesma intensidade de antes.” Afonso Braga, professor de Marketing e Empreendedorismo do Instituto Mauá de Tecnologia
Algumas pesquisas desenvolvidas sobre o assunto também sinalizam um potencial de expansão, como o estudo feito pela FIA sobre o home office no período de isolamento com um grupo específico de profissionais.
“A experiência compulsória provocou um sentimento de satisfação no trabalho, com alguma variação entre setores e ocupações. A percepção sobre o desempenho foi igualmente impactada de forma positiva. Entretanto, a sua efetiva adoção demanda mais investimentos em suporte organizacional, na adaptação das condições domésticas, bem como no aprimoramento da gestão do tempo e o fortalecimento da relação com a chefia”, evidencia o estudo.
Outro aspecto reforçado pela pesquisa é a quantidade de horas trabalhadas que se tornou ainda maior com a adoção do modelo no universo estudado. “Destaca-se como fator que pesa negativamente nos resultados o volume de trabalho, o que é constatado por jornadas de trabalho que chegam a mais de 10 horas de trabalho, com 44% dos casos trabalhando mais do que as 8 horas regulamentares.”
Assim, o futuro do trabalho em home office vai trilhando seu caminho, com oportunidades de ajustes dos dois lados: por parte dos próprios profissionais e por parte das empresas que aos poucos vão seguindo esse modelo.
E você? Já teve alguma experiência de trabalho home office? O que achou dela?
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